Uma publicação, partilhada no Facebook, mostra uma conferência de imprensa, no Parlamento Europeu, em que se alega que a Agência Europeia do Medicamento (EMA) admitiu que não autorizou a administração das vacinas para prevenir a Covid-19. “Das mentes perversas de António Costa, Marta Temido e Graça Freitas. A Agência Europeia de Medicamentos reconheceu que nunca autorizou a “vacina” COVID para travar, prevenir ou reduzir a alegada doença….”, lê-se na publicação. Mas terá a autoridade que regula o medicamento a nível europeu feito tal confissão?
Um grupo de eurodeputados de grupos eurocéticos e anti-vacinas pediu, no ano passado, à EMA que retirasse a autorização concedida para a administração das vacinas contra a Covid-19 no espaço comunitário. “Este mês, recebemos uma resposta da EMA à nossa carta, e esta resposta contém factos chocantes”, disse o eurodeputado neerlandês Marcel de Graaff, membro de um partido eurocético, numa conferência de imprensa, em novembro do ano passado.
“A EMA afirma explicitamente que permitiu exclusivamente as vacinas contra a Covid-19 no mercado para imunizações individuais e não para o controle da infeção… Isto é devastador para os governos que passaram a ideia às pessoas de que, ao se vacinarem, o estavam a fazer também pelas outras pessoas”, disse o eurodeputado, acrescentando que, de acordo com a carta da EMA, “ninguém com menos de 60 anos deveria ter sido vacinado, com apenas algumas exceções”.
Não é propriamente uma novidade que as vacinas contra a Covid-19 que existem não foram feitas para impedir as infeções. Os laboratórios e os especialistas sempre alertaram que as vacinas serviam, sim, para prevenir a doença grave e a mortalidade associada à doença. Quanto à prevenção da transmissão do vírus, ainda não há dados de vida real que o possam comprovar. “É difícil medir o quão bem as vacinas podem reduzir a transmissão em estudos clínicos. Isso só pode ser feito em estudos de vida real que incluem um grande número de pessoas vacinadas. Vários estudos realizados após a sua autorização mostraram que as vacinas contra a Covid-19 podem reduzir a transmissão do vírus”, salienta a EMA.
É verdade que a EMA aprovou as vacinas usadas no espaço da União Europeia para uso individual, mas isso não impede nem torna ilegal a vacinação em massa que acabou por acontecer. Em nenhuma parte da resposta que deu aos eurodeputados a EMA assume que não deu luz verde à administração das vacinas. Aliás, desde dezembro de 2020 (quando autorizou a vacina da Pfizer) que a EMA tem vindo a dar luz verde a diversas vacinas, como a da AstraZeneca ou da Moderna.
Conclusão
A EMA não admitiu que não deu luz verde à vacinação contra a Covid-19. Essa foi a interpretação feita por um grupo de eurodeputados a uma carta que lhe foi enviada pela agência. O que a EMA sublinhou foi que é difícil ainda aferir o efeito das vacinas na prevenção da transmissão do vírus, o que levou os eurodeputados eurocéticas e anti-vacinas a colocar em causa a vacinação em massa.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.