É um mito com vários anos, mas continua a circular nas redes sociais como se fosse uma verdade adquirida. A narrativa de que o corpo de Walt Disney foi congelado após a sua morte há muito que é motivo de desmentidos pelos mais variados jornais de combate à desinformação — e intensificou-se depois do lançamento do filme “Frozen” com sugestões de que o nome do filme comprova a teoria.
O homem que criou a Disney, juntamente com o irmão, morreu no dia 15 de dezembro de 1966, depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro no pulmão, e desde aí começaram a circular informações de que teria sido congelado antes da morte para poder ser ressuscitado no futuro. E o facto de ter um enorme império no momento em que morreu aumentou essa narrativa, por se acreditar que tinha capacidade para pagar esse tipo de experiência.
Nas décadas de 50 e 60, o tema da criogenia (a ciência que trabalha no aperfeiçoamento de tecnologias para produzir temperaturas muito baixas) era cada vez mais falado e registou-se um aumento de estudos e artigos sobre o tema. E, segundo a revista Ici Parisem 1969, após ser diagnosticado com cancro, Disney teria entrado em contacto com o presidente da Cryonics Society of California, Bob Nelson. Porém, mais tarde o site Snopes, especializado no combate à desinformação, referiu que não se tratava de uma verdade e que estava em causa uma teoria levada a cabo por um grupo de animadores que trabalhavam para o produtor.
Já passaram mais de 50 anos da morte de Walt Disney e o tema nunca ficou concluído: um pouco por todo o mundo os meios de comunicação continuam a ver-se obrigados a desmentir o mito e a contar a história que levou até ele. Segundo vários relatos (até o amigo Salvador Dalí chegou a dar força ao mito) a questão surgiu quando Walt Disney soube que estava doente e médicos e família chegaram a acordo para que a notícia não chegasse às páginas de jornais.
A farsa foi desenvolvida de tal forma que, no dia em que lhe extraíram o pulmão, a imprensa foi chamada ao hospital. Walt Disney surgiu saudável em frente às câmaras, desenhou perante os jornalistas que ali estavam e foi transmitido à comunicação social que apenas tinha ido fazer exames de rotina. O facto de ter sido visto daquela forma dez dias antes de morrer fez com que o choque fosse ainda maior.
E o que se passou a seguir à morte também não ajudou: a família optou por fazer o funeral longe do público, sem deixar que o corpo fosse colocado em câmara ardente. E também fez um pedido para que não fossem enviadas flores e, em vez disso, o dinheiro fosse doado ao Instituto de Artes da Califórnia, que foi fundado por Walt Disney. As primeiras teorias da conspiração viriam a referir, como descrevem vários jornais, que o corpo não tinha sido colocado porque Disney não tinha morrido e que a angariação serviria exatamente para que o corpo fosse congelado.
A informação oficial dada pela família desmente por completo a ideia: Walt Disney foi cremado e os restos mortais estão no Forest Lawn Memorial Park, um cemitério privado em Los Angeles onde estão várias personalidades conhecidas.
Conclusão
Apesar das teorias da conspiração que duram há mais de cinco décadas, não há nenhuma evidência de que o corpo de Walt Disney tenha sido congelado para mais tarde vir a ser ‘ressuscitado’. A família sempre deu conta de que o corpo foi cremado após o criador da Disney não ter resistido a um cancro do pulmão e revelou até o lugar onde foram depositadas as cinzas. Todas as ideias desenvolvidas à volta do mito foram sendo destruídas ao longo dos últimos anos, sendo que há dezenas de desmentidos em órgãos de comunicação credíveis.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do k este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.