Um médico ginecologista recusou-se a atender um travesti e acabou preso, alega uma publicação partilhada nas redes sociais, e que começa por constatar o óbvio: pode um homem exigir ser tratado por um médico cuja especialidade é a saúde da mulher? Mas terá mesmo acontecido?
É isso que alega uma publicação do Facebook, de 2 de fevereiro de 2021 e que tem sido largamente partilhada desde então: um ginecologista foi detido pelas autoridades por se ter recusado a atender um travesti no Brasil. No post publicado na rede social fundada por Mark Zuckerberg, o utilizador refere que o clínico terá mesmo sido algemado, ilustrando a publicação com uma imagem de um profissional de saúde a ser detido e manietado por um agente da polícia.
A alegação é falsa e a fotografia nada tem a ver com a acusação. A imagem publicada remonta a 2007 e a uma operação policial que levou ao encerramento de uma clínica que fazia interrupções ilegais da gravidez no Rio de Janeiro, onde um médico, Bruno Gomes da Silva, então com 80 anos — e que surge na fotografia deste post —, era apontado como responsável por um esquema de abortos ilegais que durou mais de 30 anos na Favela do Jacarezinho.
Quanto ao conteúdo, trata-se somente de um texto humorístico publicado no site satírico brasileiro Joselito Muller em junho de 2016. Uma viagem rápida pela página mostra o óbvio carácter satírico, com publicações como “Médico cubano receita leitura de Marx e cura paciente” ou “Chineses comemoram vacina contra Covid comendo morcegos”.
Conclusão:
Falso. A publicação no Facebook que alega que um ginecologista recusou tratar um travesti e foi por isso detido foi retirada diretamente de um site satírico brasileiro, chamado Joselito Muller, de onde foi também tirada a foto que ilustra o post e que se refere a uma operação policial de desmantelamento de uma clínica de abortos ilegais no Rio de Janeiro.
Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.