A narrativa já é antiga, mas voltou a ser partilhada nas redes sociais nas últimas semanas. Conta a história de um condutor que, como estava a tentar vender o seu carro, tinha no vidro traseiro um anúncio com um número de telemóvel. E, certo dia, terá recebido uma chamada que atendeu, mesmo estando a conduzir. Só que, ao atender, percebeu que quem lhe estava a ligar era a GNR a avisá-lo de que não podia falar ao telefone enquanto estava a conduzir, tendo-lhe sido pedido inclusive que parasse o carro. Na publicação, é relatado o que o militar terá dito ao telefone:

Bom dia. Fala de uma unidade móvel da Brigada de Trânsito da GNR e estamos atrás de si. O senhor não sabe que é proibido atender o telemóvel enquanto conduz? Encoste por favor!”

Na história, o autor alega que a polícia só lhe ligou porque o número dele estava no vidro do carro. “Nunca me passou pela cabeça que a GNR estivesse a ficar tão esperta”, lê-se. No entanto, ao Observador, a GNR nega que esta situação alguma vez tenha acontecido.

A publicação de 2014 já foi partilhada mais de 40 mil vezes

Desde logo, há vários elementos que permitem perceber que esta história não passa de um rumor. Primeiro, a publicação não dá detalhes sobre onde e quando é que ocorreu. Depois, não se sabe quem é o verdadeiro autor da história, quem é o condutor a quem a GNR teria supostamente ligado. Isto porque já várias pessoas fizeram publicações com exatamente o mesmo texto — o que leva a crer que a história não passa de um rumor que surgiu e ganhou força nas redes sociais. O Observador contactou algumas das pessoas que fizeram as publicações na tentativa de perceber se esta situação aconteceu com elas, mas não obteve resposta, até ao momento.

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Exemplos de publicações feitas por diferentes pessoas. Algumas são mais antigas, mas outras foram feitas já este mês

Também numa análise feita ao comentários deixadas a estas publicações, é possível perceber que, embora alguns utilizadores afirmem que esta história é antiga e não passa de um rumor, uma grande parte acredita no que está a ser contado e critica a atuação da GNR.

O Observador questionou a GNR para saber se tem registo de alguma situação semelhante a esta. O porta-voz da GNR, o tenente-coronel João Fonseca, garantiu que “não há registo da ocorrência descrita na publicação” e que “a forma de atuação descrita não corresponde aos procedimentos e normas em vigor para os militares” da GNR. Também o Chefe da Divisão de Trânsito e Segurança Rodoviária, o major Paulo Gonçalves, explica que a prática descrita na publicação “não se coaduna com as normas internas em vigor”. 

Conclusão

Circulam nas redes sociais várias publicações iguais que contam a história de um condutor que terá recebido uma chamada que atendeu, mesmo estando a conduzir. Só que, ao atender, percebeu que quem lhe estava a ligar era a GNR a avisá-lo que não podia falar ao telefone enquanto estava a conduzir, tendo-lhe sido pedido inclusive que parasse o carro. O condutor percebeu que a GNR lhe teria ligado porque, como estava a tentar vender o seu carro, tinha no vidro traseiro um anúncio com um número de telemóvel.

A GNR nega, em resposta ao Observador, que esta situação alguma vez tenha acontecido. Além disso, o facto de a publicação já ter sido feita por vários utilizadores diferentes mostra que a história não passa de um rumor.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

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