Os ataques entre Israel e o Líbano têm sido constantes nas últimas semanas e têm também resultado em perdas consideráveis para os dois lados. Os bombardeamentos recentes que causaram mais impacto aconteceram a 27 de setembro — as tropas israelitas mataram Hassan Nasrallah, líder histórico do Hezbollah. Depois dessa notícia, confirmada, aliás, pelo grupo xiita libanês, começaram a surgir nas redes sociais alegados ataques que terão resultado na morte de outros líderes.
Uma publicação feita através do Facebook dá conta de que o Hezbollah téra conseguido matar Herzi Halevi, responsável máximo das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês). “Relatórios preliminares confirmam o assassinato do chefe de gabinete do exército israelita, Herzi Halevi, pelo Hezbollah, usando drones de fibra avançada”, lê-se na partilha feita a 14 de outubro, que é acompanhada pela fotografia do líder das IDF.
De facto, dois dias antes desta publicação, a 12 de outubro, foi registado um dos piores ataques do Hezbollah em território israelita. De acordo com a informação que o próprio exército de Israel avançou, morreram quatro militares israelitas e outros 60 ficaram feridos. A publicação partilhada na rede social X indicava ainda que o Hezbollah tinha feito um ataque com recurso a drone e que esse ataque tinha atingido uma das bases militares deste exército.
Yesterday, a UAV launched by the Hezbollah terrorist organization hit an army base.
4 IDF soldiers were killed in the incident.
The IDF shares in the grief of the bereaved families and will continue to accompany them.
We ask to refrain from spreading rumours and the names of…
— Israel Defense Forces (@IDF) October 13, 2024
No entanto, em momento algum as Forças de Defesa de Israel anunciaram que o respetivo líder morreu na sequência desse ataque. Ou mesmo de que qualquer outro ataque, posterior ou anterior. Ao longo dos últimos meses, quando é registado um ataque e uma das partes anuncia a morte de algum elemento crucial, o grupo afetado acaba sempre por confirmar de forma oficial. Aconteceu, por exemplo, com o já mencionado líder histórico do Hezbollah: horas depois de Israel ter anunciado a morte de Hassan Nasrallah, o Hezbollah acabou por confirmar a informação.
Além de não existir qualquer confirmação por parte das IDF, também há outra questão que aponta para que a informação partilhada no Facebook seja falsa: o Hezbollah também nunca anunciou a morte daquele que é o responsável máximo das tropas de Israel. E mais: basta olhar para as últimas notícias que dão conta da atividade do exército israelita para perceber que Herzi Halevi aparece em praticamente todos os vídeos, com indicação daquilo que tem feito nos últimos dias.
Por exemplo, ainda no final de outubro as IDF publicaram uma nota de agenda relativa ao que aconteceu nessa última semana. E é referido na publicação que Herzi Halevi recebeu o seu homólogo italiano, Luciano Portolano — os dois aparecem, aliás, na fotografia. “Os dois discutiram as recentes operações e a situação de segurança, com atenção na operações contras as atividados do Hezbollah no Líbano”, lê-se na publicação, que mostra que Herzi Halevi continuava em funções.
This week, the Chief of the General Staff, LTG Herzi Halevi, hosted General Luciano Portolano, Chief of Italian Defence General Staff, as his official guest.
The two discussed recent operational events and the security situation, with an emphasis on the operation against… pic.twitter.com/ORcj5PplFT
— Israel Defense Forces (@IDF) October 30, 2024
Conclusão
A alegação de que Herzi Halevi, responsável máximo das Forças de Defesa de Israel, morreu é falsa. Nenhum dos lados — nem o Hezbollah, nem o exército israelita — avançou ou confirmou tal informação. Além disso, ainda no final de outubro Herzi Halevi recebeu o seu homólogo italiano, o que demonstra que continuava a exercer as suas funções.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.