O nome da atleta argelina Imane Khelif continua a dar que falar nas redes: começou com a polémica durante a participação nos Jogos Olímpicos de Paris, em que circularam informações de que seria um homem ou transgénero — alegações falsas — e agora por ter sido, alegadamente, capa da Vogue na Argélia.
Nas publicações das redes sociais aparecem três imagens de Imane Khelif alegadamente na capa da Vogue da Argélia, com a descrição de que a atleta é a primeira mulher argelina, árabe e africana a vencer uma medalha de ouro no boxe.
Há duas razões que desmentem o facto de Khelif ter sido capa da revista. A primeira é a assinatura que aparece nas fotografias, Cheikh Boumsersseb, que no Instagram apresenta-se como diretor artístico e publicou as imagens na conta — e costuma fazer vários trabalhos do género nas redes sociais. Nas próprias stories afixadas no Instagram, o artista publica fact checks que confirmam que não se trata da capa da revista.
A segunda razão é que não existe Vogue na Argélia. No site oficial estão publicadas as 28 publicações da revista que têm o cunho da Vogue, entre elas algumas que apenas têm licença de publicação, e nenhuma delas é a Argélia.
Desta forma, a imagem até pode ter sido construída de forma a que pareça que Imane Khelif foi capa da Vogue no seu país de origem após ter conseguido alcançar um feito histórico nos Jogos Olímpicos, mas trata-se de uma montagem e não de uma sessão fotográfica para a Vogue Argélia, tal como aparenta nas imagens, já que a revista no país nem sequer existe.
Nos Jogos Olímpicos, Khelif foi acusada de não ser uma mulher, no seguimento da desistência de uma adversária num combate de boxe, tendo sido colocado em causa que seria um homem ou um transgénero. Como ficou provado aqui, a atleta é uma mulher e não há nada que prove o contrário. Muito se falou sobre a atleta, principalmente à boleia da decisão da Associação Internacional de Boxe, que desqualificou a atleta por causa de “níveis elevados de testosterona”, nos campeonatos mundiais da modalidade. Em causa estaria a presença de cromossomas XY (masculinos), mas nem isso faz da atleta um homem. Também a delegação veio especificar que Khelif tem hiperandrogenismo, excesso de hormonas masculinas, mas, mais uma vez, nada disso faz dela um homem.
Conclusão
Não é verdade que Imane Khelif, atleta argelina que conquistou uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos, tenha sido capa da revista Vogue na Argélia, o seu país de origem. Não só a Argélia não tem uma edição nacional da revista em causa, como o artista que assinou as imagens partilhou nas redes sociais conteúdos para travar desinformação, onde se confirma que a atleta não estava na capa da Vogue — o que prova que este foi apenas um trabalho de manipulação de fotografias para conteúdo das redes sociais.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.