Um texto circula nas redes sociais com uma suposta dica para quem está a ser assaltado no multibanco: basta inserir o código PIN ao contrário e a polícia é “imediatamente” avisada, sem que o ladrão se aperceba. Mas será que é mesmo assim? Não. Este alegado truque não existe e a SIBS, a entidade gestora da rede Multibanco, garantiu ao Observador, numa resposta enviada por escrito, que “estas informações são falsas”.

Exemplo de publicação. Algumas já foram partilhadas por quase 300 vezes

A publicação explica de forma detalhada como todo o suposto processo decorre. “Por exemplo, se a sua senha for 1234, então digite 4321”, começa por referir o texto. De acordo com o autor do post, “a máquina reconhece que a senha está invertida, de acordo com o cartão que acabou de inserir”. Desta forma, o multibanco “dar-lhe-á o dinheiro mas, para desconhecimento do ladrão, a polícia será imediatamente acionada/enviada”.

Mas não só a SIBS avisa que este alegado truque “não funciona da Rede de Caixas Automáticos Multibanco“, como não tem informação sobre a existência desta técnica “em qualquer país europeu ou de qualquer outro continente”:

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A referida técnica, de introdução do PIN ‘invertido’, não funciona na Rede de Caixas Automáticos Multibanco. A SIBS não tem informação sobre a implementação desta técnica em qualquer país europeu ou de qualquer outro continente”, lê-se na resposta enviada ao Observador.

A publicação que circula no Facebook apela ainda a que esta informação seja partilhada, justificando que este suposto truque é “raramente usado, porque as pessoas não sabem da existência deste mecanismo de defesa”. No entanto, uma vez que esta informação é falsa, os utilizadores devem fazer exatamente o contrário e não contribuir para sua proliferação. Isto porque gera uma falsa sensação de segurança que pode fazer com que os utilizadores do multibanco, em caso de assalto, não tomem outras medidas, por achar que introduzir o PIN ao contrário vai acionar a polícia.

A SIBS dá alguns exemplos de práticas que os utilizadores de cartões bancários devem seguir para evitar assaltos:

  1. Evite levantar dinheiro em horários noturnos e em locais isolados;
  2. Tenha em atenção as pessoas que se encontram à sua volta quando escolhe um multibanco. Caso se sinta desconfiado, deve dirigir-se a outro multibanco;
  3. Caso verifique que algum multibanco se comporta de forma invulgar ou apresenta sinais de vandalismo ou adulteração, deve comunicar a situação de imediato à SIBS através do 808 201 251 (custo de chamada local) ou 217 918 780 ou às entidades policiais;
  4. Certifique-se de que a pessoa atrás de si mantém uma distância suficiente para que tenha privacidade no momento da introdução do código e até que termine todas as operações. Faça o mesmo com os outros utilizadores;
  5. Fique atento ao seu redor. Caso suspeite de algo, cancele de imediato a transação e dirija-se a outro multibanco;
  6. Depois de completar a transação, guarde o dinheiro e o cartão discretamente;
  7. Se suspeitar de algo ilícito, abandone o local de forma natural e, logo que lhe seja possível, comunique às entidades policiais.

Esta não é a primeira vez que surgem nas redes sociais falsa dicas relacionadas com o multibanco. Em outubro do ano de 2020, o Observador fez um fact-check a uma publicação que alegava que pressionar o botão “cancelar”, antes de inserir o cartão vai fazer com que “automaticamente” seja cancelada qualquer tentativa de burla ou de roubo do PIN. Na altura, a SIBS negou que essa informação fosse verdadeira.

Fact Check. Pressionar a tecla “cancelar” no multibanco evita burlas bancárias?

Conclusão

Publicação afirma que, em caso de assalto, inserir o código PIN ao contrário no multibanco faz com que a polícia seja “imediatamente” avisada, sem que o ladrão se aperceba. Mas este alegado truque não exist: a SIBS, a entidade gestora da rede Multibanco, garantiu que “estas informações são falsas” e avisa que este alegado truque “não funciona da Rede de Caixas Automáticos Multibanco”. Mais: não tem informação sobre a existência desta técnica “em qualquer país europeu ou de qualquer outro continente”.

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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