Dez milhões para Beyoncé, cinco para Megan Thee Stallion, três para Lizzo, 1,8 para Eminem. São estes os valores que a apresentadora da Fox News Harris Faulkner, do programa The Faulker Focus, garante que Kamala Harris pagou a estes artistas para “apoiarem publicamente” a sua candidatura à Casa Branca, durante a campanha contra Donald Trump.
“Não consigo lidar com estes números”, diz Faulkner, chocada, no trecho de vídeo que acompanha esta publicação, retirado de uma edição do seu programa. “É assim que costuma acontecer? Gasta-se vinte milhões e arranjam-se dívidas para ter algumas celebridades ricas no palco? Uau”, comenta. As suas declarações vão sendo citadas em várias redes sociais, embora os valores e nomes das celebridades mencionadas variem.
No entanto, a verdade é que não há registo destes pagamentos nos dados oficiais das despesas de campanha, que têm de identificar pagamentos feitos pelas candidaturas (o próximo relatório, que já abrangerá todo o período de campanha, só será entregue a 5 de dezembro).
Além, disso, a ideia de que estas celebridades foram pagas pela candidata democrata para apoiarem a sua campanha já foi desmentida por todas as partes. Neste texto em que são analisados os volumosos gastos da campanha de Harris (1,5 mil milhões de dólares em duas semanas), que chocaram elementos do próprio Partido Democrata, o New York Times cita responsáveis democratas que confirmam que nenhum pagamento foi feito aos artistas.
Apesar de a própria Beyoncé, sempre a artista que aparece como a mais “bem paga” nestas publicações, não se ter pronunciado diretamente sobre o assunto, a sua mãe, Tina Knowles, fê-lo. No Instagram, a mãe da artista denunciou as “notícias falsas” que indicam que Beyoncé foi paga para participar no comício em Houston, Texas, de onde é natural, e onde discursou durante alguns minutos, antes de apresentar Harris ao público.
“Beyoncé não recebeu um cêntimo por discursar no comício de Houston. Na verdade, ela pagou pelos próprios voos e pelos voos da equipa. Não só estão a mentir e a desrespeitar o nome de Beyoncé como estão a tentar desacreditar o poder da vice-presidente!”, escreveu Tina Knowles na rede social.
Nos comentários da publicação encontra-se até uma resposta de outro artista que atuou num dos comícios de Beyoncé, John Legend, e que comenta: “Todos aparecemos ou atuámos gratuitamente, porque nos preocupamos com o futuro da nossa nação.”
Numa resposta reproduzida pelo New York Times, no artigo já citado, a apresentadora e empresária Oprah Winfrey — cuja empresa de produção, Harpo Productions, recebeu um milhão de dólares da campanha de Harris — explica que a empresa foi paga para organizar um programa em formato town hall transmitido em direto a partir de Detroit, pelo que teve de montar o cenário e pagar à equipa. “Pessoalmente, não recebi qualquer pagamento. Mas as pessoas que trabalharam naquela produção tinham de ser pagas. E foram. Fim da história.”
Da mesma forma, houve celebridades que atuaram em comícios sem receberem nada em troca, mas as suas equipas foram pagas, acrescenta o jornal. Só na noite das eleições, os eventos de grandes dimensões que contaram com a presença de artistas musicais custaram mais de dez milhões de dólares.
O USA Today cita respostas dos assessores do rapper Eminem — que disseram que o artista “nunca recebeu, e nunca lhe foi oferecido, qualquer dinheiro para o seu envolvimento ou apoio a qualquer campanha” — e uma fonte próxima de Megan Thee Stallion, que garante o mesmo.
Conclusão
Os documentos de campanha entregues pela candidatura de Kamala Harris não indicam qualquer pagamento a celebridades. Além de fontes da campanha terem negado que esses pagamentos tenham existido, vários dos artistas ou fontes próximas — incluindo a mãe de Beyoncé — vieram assegurar que estes não receberam dinheiro.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.