Um tweet publicado pela vereadora socialista Inês Drummond, ex-presidente da Junta de Freguesia de Benfica, sugere que a capacidade de vacinação em Lisboa fica comprometida com os dois centros atualmente de portas abertas: o melhor, argumenta, seria manter oito centros de proximidade, que em soma teriam capacidade para 12 mil vacinas diárias.

Mas, com os dois centros de vacinação abertos neste momento, o número de inoculações diárias é comparável às registadas em julho, quando o plano de vacinação funcionava em pleno e se atingiu o máximo semanal de vacinas administradas contra a Covid-19 em Lisboa.

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Nessa altura, havia sete centros de vacinação ativos: o Pavilhão Desportivo da Ajuda (1.000 inoculações diárias em horário normal), Pavilhão Manuel Castelbranco (600), Altice Arena (800), Picadeiro da Escola Politécnica (600), Comunidade Hindu de Portugal (1.000), Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa (400) e Pavilhão 1 Estádio Universitário (3.000).

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Esta rede de centros de vacinação traduzia-se numa capacidade de 7.000 doses diárias administradas. Se estes sete centros continuassem todos de portas abertas, e se se lhes juntasse ainda o centro de vacinação inaugurado na última quarta-feira, 1 de dezembro, no pavilhão número 4 da Feira Internacional de Lisboa (FIL), Lisboa podia atingir uma capacidade vacinal até superior às 12 mil vacinas apontadas por Inês Drummond, chegando às 13.400 por dia.

Mas a cidade nunca chegou a esses valores, nem mesmo no pico do plano de vacinação contra a Covid-19. Fonte oficial da Câmara Municipal de Lisboa avançou ao Observador que, em julho, com os horários alargados até às 22h nos sete centros de vacinação, alcançaram-se as 65 mil vacinações semanais — o que corresponde a uma média de quase 9.300 inoculações por dia.

Ora, neste momento, o município de Lisboa tem apenas dois centros de vacinação ativos: um no Pavilhão Desportivo da Ajuda, que entrou em funcionamento a 12 de fevereiro e que nunca fechou portas; e outro inaugurado na última quinta-feira, 1 de dezembro, no pavilhão número 4 da Feira Internacional de Lisboa (FIL).

Em média, num horário de funcionamento entre as 9h e as 19h, o centro de vacinação da Ajuda tem capacidade para 1.000 utentes diariamente e o instalado na FIL para 6.000 — ou seja, somam-se 7.000 cidadãos, número aproximado aos 7.500 indicados por Inês Drummond no Twitter. Mas, com horários alargados (encerrando às 22h), o número de pessoas vacinadas na Ajuda pode subir para 1.500 e na FIL pode aumentar para 8.000. Nesse caso, registar-se-ia em Lisboa uma capacidade vacinal diária de 9.500 utentes — um número equiparado ao de julho.

Só houve dois intervalos temporais em que Lisboa teve oito centros de vacinação a funcionar em simultâneo. No primeiro, entre 22 de março e 30 de maio, havia uma capacidade para vacinar 5.900 pessoas por dia — um número que subiu a 31 de maio para as 8.400, com o encerramento do centro de vacinação da Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica e a abertura de outro no Pavilhão 1 do Estádio Universitário. No segundo intervalo em que houve oito centros de vacinação a funcionar em simultâneo em Lisboa, entre 23 de junho e 24 de setembro, havia na cidade uma capacidade para inocular 8.400 pessoas. Só os dois centros de vacinação abertos atualmente conseguem chegar a mais utentes.

Mas mesmo antes da redução do número de centros de vacinação ativos para os atuais dois, já não havia tantos centros ativos, mas sim quatro. É que um dos nove centros que já existiram em Lisboa — o que ficava na Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica, com capacidade para vacinar 500 pessoas por dia — encerrou logo em maio, três meses depois de abrir portas.

Entretanto, o do Pavilhão Manuel Castelbranco (600 inoculações diárias) fechou a 24 de setembro, após sete meses de funcionamento. Na mesma data, encerrou também o centro de vacinação instalado no Comunidade Hindu de Portugal (1.000), inaugurando a 2 de março. Dois dias mais tarde, a 26 de setembro, fechou portas o centro de vacinação que ocupava o Pavilhão 1 Estádio Universitário (3.000), dando lugar a um novo centro no Pavilhão 3. A 1 de outubro encerrou também o do Altice Arena (800).

Ao Observador, fonte da Câmara Municipal de Lisboa explicou que, “no final de setembro, com o aproximar dos 85% da população vacinada, deixou de fazer sentido uma operação de tão grande dimensão no terreno“. Mais: alguns destes espaços precisam de voltar a ser utilizados para os fins que normalmente servem, tal como estava acordado no antigo mandato na autarquia.

Mesmo assim, mantiveram-se quatro centros de vacinação — Pavilhão Desportivo da Ajuda, Picadeiro da Escola Politécnica, Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa e Pavilhão 3 do Estádio Universitário — porque eram os “suficientes para as necessidades residuais da Covid-19 e para apoiar o plano de vacinação da gripe”.

O centro de vacinação na Ajuda continua funcional, mas os outros três foram encerrados: o do Picadeiro reabriu a 4 de outubro (antes já tinha estado ativo entre 25 de fevereiro e 24 de setembro) e fechou a 28 de novembro, o da Câmara Municipal abriu a 5 de março e encerrou a 29 de novembro; e o do Pavilhão 3 do Estádio Universitário funcionou desde 23 de junho até 28 de novembro, depois de já ter estado aberto no período entre 22 de março e 31 de maio. Juntos permitiam inocular 3.000 utentes diariamente — menos de metade da capacidade dos dois centros de vacinação atuais.

Conclusão

Os dois atuais centros de vacinação ativos no município de Lisboa têm a mesma capacidade para administrar vacinas que a verificada em julho, quando se registou o pico de inoculações em todo o processo de vacinação na capital portuguesa.

A cidade já teve oito centros de vacinação ativos em simultâneo (menos um do que havia quando se registou o maior número médio de inoculações em Lisboa), mas a capacidade vacinal que tinham nesses momentos era inferior à que pode ser atingida com os dois centros de vacinação atuais, se funcionarem em horário alargado, entre as 9h e as 22h.

Seria possível alcançar, e até mesmo ultrapassar, a capacidade para distribuir 12 mil doses se se reabrissem todos os centros de vacinação que estavam disponíveis em julho e a eles se juntasse o que foi instalado na quarta-feira na FIL. Mas essa capacidade seria superior à que foi possível alcançar no pico do processo de vacinação, quando o objetivo era chegar ao maior número de pessoas no mais curto período de tempo possível — uma realidade muito diferente da atual, em que se procura reforçar o esquema vacinal dos mais expostos e vulneráveis; assim como de quem foi vacinado com a Janssen.

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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