Neste novo sangrento e trágico episódio da guerra entre Israel e Hamas, está a travar-se outro conflito: o da informação. Dos dois lados tem sido lançada uma campanha agressiva de textos, alegadas notícias, fotografias e vídeos que fazem o seu percurso nas redes sociais e acabam desmentidos por órgãos de comunicação social credíveis, nacionais e internacionais. No passado dia 16 de outubro, via Facebook, foi partilhada uma imagem que, segundo a legenda que a acompanha, mostraria um “terrorista do Hamas ao lado de um bebé judeu coberto de granadas antes de o matar”. Essa publicação vinha acompanhada com uma pergunta: “É possível defender?” Mais nenhuma informação foi partilhada sobre o que estávamos a ver. Trata-se, no entanto, de uma publicação falsa.

Publicação viral alega que estamos perante um terrorista do Hamas ao lado de um bebé. Fotografia é antiga.

Analisando a publicação ao pormenor, não se encontra nenhum dado, fonte ou notícia que confirme que estamos perante uma fotografia de um membro do Hamas. Mas usando ferramentas de identificação de imagens como o Google Images ou o TinEye, chega-se à conclusão de que fotografias semelhantes a esta já circulavam nas redes sociais muito antes do ataque do Hamas em solo israelita. Encontramos resultados para os anos de 2018, 2017 e 2016. Sempre a mesma imagem: um homem deitado ao lado de um bebé que tem granadas espalhadas por cima do corpo.

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O Observador fez outra pesquisa, neste caso por alguns dos órgãos de comunicação social internacionais que estão a acompanhar de perto este conflito no Médio Oriente, e não encontrou nenhum artigo a explicar o contexto desta imagem.

É certo que no início deste novo episódio de guerra saíram notícias de alegadas decapitações de bebés, sendo que a notícia passou depois por várias fases de desinformação e de desmentidos. Benjamim Netanyahu chegou a mostrar imagens de crianças mortas e queimadas a Anthony Blinken, secretário de Estado dos Estados Unidos. Já o Hamas divulgou vídeos de militantes a pegar ao colo crianças e bebés, tal como noticiado pelo Observador.

Ainda assim, e tanto quanto foi possível apurar, esta fotografia não consta das imagens divulgadas. Ou seja, mesmo sendo uma fotografia antiga, podemos também estar perante uma imagem manipulada, já que saiu em diferentes sites, de diferentes países e não se sabe a sua origem.

Conclusão

A fotografia de um suposto terrorista do Hamas ao lado de um bebé já circula nas redes sociais desde, pelo menos, 2016. Ao contrário do que é alegado por inúmeras publicações, a imagem partilhada não é de agora. Não foi possível apurar se estamos perante uma imagem verdadeira que terá sido anteriormente divulgada pelo Hamas durante o conflito entre Israel e a Palestina.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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