Milhares de pessoas em tronco nu caminham em passo lento, entupindo uma estrada. É isso que se pode ver no vídeo que foi partilhado no Instagram, com a legenda que diz tratar-se de um protesto de indígenas, em Brasília, que envolve milhares. “Nunca, jamais se viu isso”, diz a legenda.

Partilhada a 14 de novembro de 2022, a publicação parece querer ligar as imagens da marcha aos protestos contra a eleição de Lula da Silva, candidato à presidência do Brasil, a 30 de outubro deste ano.

Essa ligação é ainda mais clara quando se encontram outras publicações com o mesmo vídeo. “Nossos irmãos indígenas manifestando sua insatisfação com o retorno ao poder da quadrilha petista sob o comando do maior corrupto do Brasil”, escreveu uma utilizadora do Twitter, num post identificado pela AFP Brasil.

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O vídeo é real, mas data originalmente de 21 de agosto de 2021 e foi partilhado numa conta de TikTok. Foi captado durante uma marcha de protesto de indígenas de várias regiões do Brasil, que decorreu em Brasília, contra as possíveis alterações à lei de demarcação de terras que poderiam ocorrer na sequência de um caso que estava a ser analisado pelo Supremo Tribunal. O grupo juntou-se aos cerca de seis mil indígenas que estiveram acampados ao longo de dias na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para protestar.

Não só a manifestação não tinha nada a ver com a recente eleição presidencial do Brasil, como alguns dos manifestantes até deixaram claro à altura a sua oposição ao Presidente Jair Bolsonaro, estendendo uma faixa que pedia o seu impeachment.

Conclusão

Embora o vídeo partilhado seja real, o contexto em que foi captado não corresponde àquilo que a legenda se refere. A manifestação de “milhares de indígenas em Brasília” ocorreu mais de um ano antes das eleições presidenciais brasileiras e tinha como objetivo protestar contra as possíveis mudanças na lei de demarcação de terras que poderiam surgir de um julgamento que estava a decorrer no Supremo Tribunal.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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