E se tivessem sido contratados atores para encenar a detenção e consequente morte de um homem afro-americano com o intuito de criar tensões raciais? É o que defende uma publicação no Facebook, que circula em forma de vídeo e em texto . As afirmações são falsas, já que os resultados da autópsia de George Floyd são públicos e podem ser consultados online, assim como a documentação referente à detenção dos quatro agentes envolvidos no caso.

A publicação, em formato de vídeo, que diz que a morte de George Floyd foi encenada

Os variados posts denunciam distintivos de polícia falsos, mostram estranheza acerca do momento dos acontecimentos — “pouco depois de um comentário racista de [Joe] Biden [candidato presidencial nos EUA]. Sabia que estavam a tentar distrair-nos de alguma coisa”, escreveu um utilizador — e dizem que a ambulância que chegou ao local não deu assistência a Floyd, apenas limitando-se a carregar o seu corpo para a viatura.

Há várias teorias que precisam de ser desmentidas e a primeira é a que garante que George Floyd não morreu. O vídeo inclui uma imagem de um homem de óculos escuros, boné, capuz e máscara. Seria George Floyd no próprio funeral, defendem várias publicações. Essa afirmação é falsa. A foto é de Stephen Jackson, antigo jogador de basquetebol, e a versão original foi publicada no site oficial da NBA a 29 de maio. O momento foi captado numa homenagem a Floyd, que era também amigo pessoal do atleta.

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O homem de 46 anos morreu, sim, depois de um polícia de Minneapolis, Derek Chauvin, ter pressionado o pescoço de Floyd com um joelho durante oito minutos e 46 segundos. A autópsia realizada no instituto de medicina legal de Hennepin County pode ser consultada online e confirma a hora do óbito às 21h25 de 25 de maio.

“Ficou inconsciente ao ser detido por agentes da polícia; recebeu assistência médica no local e subsequentemente nas urgências de Hennepin HealthCare (HHC) mas não pode ser ressuscitado”, pode ler-se ainda na descrição. Uma segunda autópsia, feita a pedido da família, revelou que a morte tinha sido causada por asfixia.

Contrariamente ao que é defendido no post viral, os polícias não são atores, mas sim pessoas bem reais. Há documentos de cada um de Derek Chauvin a Tou Thao, passando por Thomas Lane e J. Alexander Kueng que podem ser consultados online. Chauvin está acusado de homicídio em segundo grau  e Theo já tinha sido processado em 2017 por uso excessivo de força, confirmam os registos do tribunal.

Também os distintivos destes dois agentes são destacados no vídeo, um porque é metálico e o outro porque é bordado. Mas isso não quer dizer que sejam falsos. A polícia de Minneapolis tem diversas versões e todos os pormenores são explicados na página oficial.

A teoria de atores contratados “sugere que os acontecimentos foram encenados com um objetivo político”, explicou Karen Douglas, professora de psicologia da Universidade de Kent consultada pela agência noticiosa AFP. “Segue uma narrativa de conspiração muito comum — a de que nem tudo o que parece é e que não podemos confiar em quem comanda”, acrescentou.

Conclusão

A teoria que circula em vídeo e em texto diz que George Floyd não morreu e que teria estado no próprio funeral. Informação não é verdadeira, fotografia do homem em causa é de um antigo basquetebolista, Stephen Jackson. Também não é verdade que os polícias sejam, afinal, atores. Há registos de todos eles. Até os distintivos de polícia, apontados como falsos, podem ser realmente diferentes em Minneapolis, EUA.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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