Nas redes sociais, circulam várias publicações que alegam que a Organização das Nações Unidas (ONU) recusou um contributo de 6 mil milhões de dólares (cerca de 5,59 mil milhões de euros) do dono da Tesla, Elon Musk, para acabar com o problema da fome no mundo.
De acordo com uma dessas publicações, o magnata terá perguntado à ONU quanto custaria “acabar com a fome do mundo inteiro”. A organização internacional respondeu que “era em torno de seis mil milhões”. “Aí, Elon Musk disse que pagaria e queria saber tudo o que foi gasto detalhadamente”, lê-se no post, que acrescenta que as Nações Unidas “nem sequer” insistiram em receber a doação. “O interesse deles não é acabar com a fome no mundo e sim desviar valores.”
O antigo diretor do Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas, David Beasley, realmente sinalizou, durante uma entrevista à CNN internacional, em outubro de 2021, que os multimilionários podiam ajudar a salvar a fome do mundo. O responsável mencionou os nomes de Jezz Bezos, dono da Amazon, e de Elon Musk, referindo que 2% das suas fortunas (cerca de seis mil milhões de dólares) poderiam ajudar a resolver o problema.
Elon Musk respondeu ao desafio na sua conta pessoal do X (antigo Twitter). “Se o Programa Mundial de Alimentos conseguir descrever exatamente de que forma é que os seis mil milhões vão resolver a fome no mundo, vendo agora as ações da Tesla”, escreveu.
If WFP can describe on this Twitter thread exactly how $6B will solve world hunger, I will sell Tesla stock right now and do it.
— Elon Musk (@elonmusk) October 31, 2021
As Nações Unidas não deixaram de dar uma resposta ao magnata. Cindy McCain, diretora do Programa Alimentar Mundial da ONU, detalhou no X um plano para ajudar a acabar com a fome — mas não em todo em mundo. “A crise alimentar é urgente, sem precedentes e evitável. Elon Musk pediu um plano claro e transparente. Aqui está ele. Estamos prontos para a falar consigo — ou com qualquer pessoa — que queira seriamente salvar vidas”, escreveu a responsável.
Em concreto, o documento da ONU estipula que, dos seis mil milhões de dólares, mais de metade (3,5 mil milhões de dólares) seriam usados para comprar e entregar comida diretamente às populações, dois mil milhões seriam canalizados para adquirir vouchers de comida em países nos quais os mercados funcionam de forma eficaz, 700 milhões seriam gastos em novos programas contra a fome e para assegurar que a “assistência chega aos mais vulneráveis” e 400 milhões serviriam para a gestão das operações.
Após terem apresentado esse programa, Elon Musk nunca deu uma resposta às Nações Unidas. Não obstante, a revista norte-americana Fortune dá conta de que o magnata terá doado cerca de 5,7 mil milhões de dólares (cerca de 5,31 milhões de euros) a uma instituição de caridade — mas não a ONU.
Conclusão
É verdade que a Organização das Nações Unidas apresentou um plano a Elon Musk para que o magnata ajudasse a terminar com a fome. No entanto, o dono da Tesla nunca deu uma resposta ao que foi apresentado pela ONU, instituição que nunca recusou qualquer doação para acabar com o problema.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ENGANADOR
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.