Uma publicação partilhada nas redes sociais sugere que pelo facto de ter entrado pó de tijolo dentro de uma máscara cirúrgica — quando o indivíduo usava três máscaras — é razão para desacreditar na fiabilidade das mesmas e que estas não protegem do novo coronavírus. António Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, o Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário responsável pela certificação das máscaras, assegura que se trata de uma afirmação falsa por várias razões.

A publicação onde é feita a afirmação sem sustentação científica

O especialista começa por explicar que, tendo em conta a imagem e os locais mais sujos da máscara, esta foi “mal colocada”. Braz Costa vai ainda mais longe e alerta para o facto de muitas pessoas traçarem os elásticos das máscaras cirúrgicas, “o que acaba por abrir duas chaminés, uma de cada lado”. “É preciso muito cuidado para utilizar essas máscaras, se não estiverem completamente encostadas à cara é como se lá não estivessem, é um ponto de passagem do ar, de poeiras, de partículas”, justifica.

Além disso, Braz Costa deixa ainda outro alerta: “Colocar três máscaras é uma aberração porque dificulta a adesão da máscara e estarem lá três é pior do que estar uma.”

Por outro lado, o diretor do CITEVE refere que as máscaras cirúrgicas foram desenvolvidas “para filtrar partículas à roda dos três milésimos de milímetro”, já que “o vírus não viaja sozinho, tem uma dimensão muito menor, que pode ser 30 vezes menor, mas sim em gotas minúsculas”. Portanto, acrescenta Braz Costa, “se uma máscara não filtrar o pó de tijolo, que pode ser muito fino, não significa que não filtre as partículas nas quais há a probabilidade de viajar um vírus”.

“As ilações que são criadas em relação ao funcionamento da máscara estão completamente erradas”, assegura. Neste sentido, o especialista explica que “as máscaras adequadas a este tipo de utilização são as FFP2”, já que têm uma “forma que as encosta completamente à cara, têm menor respirabilidade e um nível de filtração superior para partículas finas”.

Conclusão

É falsa a ideia de que uma máscara, por deixar passar pó de tijolo, não seja fiável e apta para combater a propagação da Covid-19. O diretor-geral do CITEVE explica ao Observador que não há nenhuma ligação entre a entrada de pó e do vírus, já que as máscaras cirúrgicas estão preparadas para travar partículas muito mais pequenas do que o pó, tendo em conta que o vírus é transmitido através de gotas. Braz Costa disse ainda que a utilização de três máscaras é um erro e que as máscaras cirúrgicas têm de ser bem colocadas, o que, aparentemente, não aconteceu pelo indivíduo que partilhou a fotografia.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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