A Saúde tem sido um dos pontos de combate entre o Bloco de Esquerda e o PS. Não era António Costa quem estava no frente a frente com Catarina Martins, esta terça-feira, mas, no debate com Rui Tavares, a coordenadora do Bloco de Esquerda disse que o país tinha “cerca de 700 mil utentes sem médico de família, em 2019”. E depois acrescentou que esse universo disparou para “um milhão de utentes sem médico de família”, neste momento. Os números batem certo?

Fact Check. António Costa prometeu, em 2016, médico de família para “todos os portugueses”?

Para confirmar estes dados, olhamos para o Portal da Transparência do Serviço Nacional de Saúde. Um portal gerido pelo Governo e que compila vários dados oficiais deste setor, entre os quais o número de utentes inscritos em unidades de Cuidados de Saúde Primários (CSP), por um lado; e, entre esses, o número de utentes que não tem médico de família atribuído, por outro lado.

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Os números mais recentes são de julho de 2021. E mostram que, nesse mês, havia 10.410.404 utentes inscritos em Cuidados de Saúde Primários. Por comparação, em julho de 2019 estavam inscritos 10.262.344 utentes nestas unidades. Ou seja, há agora mais 148.060 utentes inscritos nestes serviços.

Quanto ao número de utentes sem médico de família — o ponto do argumento de Catarina Martins —, em julho de 2021, esse universo era de 1.156.988 utentes. Dois anos antes, em julho de 2019, o número era bastante inferior: 663.200 pessoas em Portugal não tinham médico de família atribuído. Ou seja, apesar de haver agora quase mais 150 mil utentes inscritos em Cuidados de Saúde Primários, em comparação com há dois anos, há agora mais 493.788 utentes sem médico de família — na prática, um número três vezes superior ao de novos inscritos nestas unidades.

Dados do Portal da Transparência

Numa análise mais fina dos dados, é importante notar que há uma parte dos utentes inscritos em CSP que não tem médico de família atribuído por opção. Em julho de 2021, eram 33.939 utentes; em julho de 2019, eram 25.668 utentes.

Mas esta parcela é pouco significativa, quando comparada com o número de utentes sem médico de família atribuído por incapacidade resposta do sistema.

Conclusão

Aquilo que resulta claro dos dados oficiais é que, sim, os números apresentados por Catarina Martins estão basicamente corretos. Dos cerca de 660 mil de 2019, Portugal passa para mais de um milhão de utentes sem médico de família, de acordo com os número mais recentes.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

CERTO

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