A Rússia e a Venezuela mantêm atualmente uma boa relação. Apesar da distância, o Kremlin tem interesse em ter um parceiro na América Latina, ao passo que Caracas usa Moscovo para contornar sanções impostas pelos Estados Unidos da América (EUA). Para além das valências geopolíticas, a relação entre estes dois países explica-se, em parte, por um denominador comum: a animosidade em relação a Washington.
Os métodos utilizados pelos regimes — russo e venezuelano — são idênticos, apostando na repressão das liberdades. Tanto assim é que, no índice da democracia da revista The Economist, a Venezuela está em 142.º lugar (de 167) e a Rússia em 144.º. Ambos os países têm, de acordo com aquela publicação, um regime “autocrático”.
Na sequência das eleições presidenciais venezuelanas do passado 28 de julho, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela deu a vitória a Nicolás Maduro com 51% dos votos, contra 44% de Edmundo González. Porém, os resultados não foram aceites pela oposição, liderada por María Corina Machado, baseando-se no argumento de que as atas (que tem na sua posse) provam uma realidade distinta daquela ditada pelo CNE.
Indiferente às queixas da oposição, a Rússia apressou-se a congratular Nicolás Maduro. Vladimir Putin frisou que as “relações russo-venezuelanas têm um carácter de parceria estratégica”. “Estou convencido que ações [de Maduro] enquanto Chefe de Estado vão continuar a permitir o desenvolvimento em todas as direções.”
Semanas depois das eleições presidenciais, surgem publicações nas redes sociais a sugerir que a Rússia “mandou um exército para apoiar Nicolás Maduro contra o povo”.
É verdade que, no passado, a Rússia já enviou militares para a Venezuela. Em março de 2019, duas aeronaves aterraram no aeroporto de Caracas com cem soldados e equipamentos de guerra. Ainda mais recentemente, no início de julho, uma frota de navios da Rússia — incluindo um submarino nuclear — atracou nos portos venezuelanos. Mas esta movimentação esteve relacionada com um exercício militar russo nas Caraíbas e nada teve a ver com as eleições.
Não existe qualquer indicação até ao momento de que a Rússia tenha enviado um contingente militar para a Venezuela para conter o povo venezuelano e “apoiar Maduro”. Não existe qualquer nota em nenhum site do governo venezuelano ou russo, nem existe nenhuma informação que vá nesse sentido, pelo que se trata de uma alegação falsa.
Conclusão
Não é verdade que a Rússia tenha enviado um contingente militar para a Venezuela na sequência das recentes eleições, como sugere o utilizador. Embora partilhem objetivos e mantenham uma boa relação, Moscovo não apoiou militarmente Nicolás Maduro, pelo menos por agora, num momento em que continuam os protestos da oposição contra os resultados eleitorais.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.