O vídeo foi captado à noite, a partir de uma janela. Pode ver-se um feixe de luz a passar em direção ao chão, ouve-se um estrondo, a imagem abana, e, logo depois de um grito estridente, ouve-se uma mulher a repetir a mesma interjeição, “Oh, meu Deus! Oh, meu Deus! Oh, meus Deus”.
Na legenda que acompanha as imagens, partilhadas num pretenso portal de notícias na Internet, pode ler-se o quando, o onde, o como e até algum contexto sobre o fenómeno. “Na última semana, um meteorito com peso avaliado em meia tonelada, segundo a NASA, atingiu o Texas, nos Estados Unidos. O objeto caiu nos arredores de McAllen, na parte sul do estado, junto à fronteira com o México”, começa a publicação, feita no passado dia 23 de maio.
“Felizmente, não foram registados feridos. O meteorito dividiu-se em pedaços ao atingir a atmosfera terrestre, e o seu impacto assustou a população local. Câmaras de segurança capturaram o momento do estrondo, e foram compartilhados vídeos nas redes sociais. A NASA estima que pequenos asteroides entrem na atmosfera sobre os Estados Unidos uma ou duas vezes por ano. Este evento serve como um lembrete para a necessidade contínua de aumentar o entendimento e a proteção da Terra contra riscos espaciais”, continua o texto, contestado por dezenas de internautas, que se apressaram a classificar o conteúdo como “fake”.
A verdade é que um meteoro de cerca de meia tonelada (453.592 quilos) entrou efetivamente na atmosfera terrestre no estado americano do Texas e houve relatos do seu avistamento em McAllen, entre outras localidades.
O que não é verdade é que esse fenómeno tenha acontecido em maio deste ano — foi registado por várias câmaras de segurança, e mais tarde validado pela NASA pelas 17h do dia 15 de fevereiro de 2023.
E também não é verdade que o vídeo partilhado tenha sido um dos captados quando tudo aconteceu.
As imagens gravadas por câmaras de segurança, entretanto partilhadas nas redes sociais e replicadas pelos meios de comunicação social norte-americanos, mostram uma realidade muito diferente: para além de ainda ser dia, o que se ouve é uma explosão sónica, mais semelhante a um trovão do que a uma bomba ou um míssil, e que se caracteriza por ser causada por um objeto que se move mais depressa do que o próprio som.
O fenómeno foi confirmado no dia 16 de fevereiro de 2023, pelo centro de observação de meteoros da NASA: na véspera, pelas 17h23, foi avistado um meteoroide, ou “bola de fogo” sobre o sul do Texas, junto à localidade de McAllen.
“Factos rápidos adicionais: a velocidade do meteoro era de cerca de 33.796 quilómetros por hora e tinha uma energia de 8 toneladas de TNT. Partiu-se em fragmentos a uma altitude de cerca de 34 quilómetros”, pode ler-se no comunicado divulgado pela Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos EUA.
“Com base na análise de informações preliminares de várias fontes, os especialistas da NASA acreditam que o objeto era um meteoroide com cerca de 60 centímetros de diâmetro e pesando cerca de 453,5 quilos. O ângulo e a velocidade de entrada, juntamente com as assinaturas em imagens de radar meteorológico, são consistentes com outras quedas de meteoritos que ocorreram naturalmente. O radar e outros dados indicam que os meteoritos atingiram o solo a partir deste evento.”
Conclusão
É verdade que um meteoroide com um peso estimado de meia tonelada entrou na atmosfera terrestre, no sul do Texas, tendo-se fragmentado a uma altitude de cerca de 34 quilómetros — e por isso mesmo não causando quaisquer danos ou ferimentos.
O que não é verdade é que o fenómeno se tenha registado em maio de 2024. E também não é verdadeiro este vídeo partilhado nas redes sociais, que não tem qualquer semelhança com o que verdadeiramente aconteceu na tarde do dia 15 de fevereiro de 2023, em McAllen, Texas: uma explosão sónica — e inofensiva.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ENGANADOR
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.