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Se há processo que viu a sua silhueta acentuada durante a quarentena foi o da ponte com o consumidor final — tendo este uma palavra ainda mais audível a dizer sobre o que deve chegar ao mercado e o que acabará, pelo menos por agora, por ficar pelo caminho. Da música aos livros, as campanhas de crowdfunding, lançadas com o objetivo de financiar os mais diversos projetos, ganharam novo fôlego, servindo como balão de oxigénio para muitos pequenos e médios criadores e estreitando a relação entre quem compra e quem vende. |
Quando uma destas encomendas nos chega hoje a casa conhecemos com maior minúcia cada um dos passos do fabrico e sentimo-nos parte ativa da sua história de vida, qual valor acrescentado para ambos os lados que aqui e ali vai tentando reforçar o músculo da comunidade. É por isso que retomamos o trajeto de Nicholas Carvalho e Inês Almeida, a dupla que se conheceu na Faculdade de Belas Artes, e que não deixou que a crise lhes entrasse em casa: a solução foi converter a sua num espaço aberto a workshops de técnicas manuais, a que deram o nome de Casa Nic e Inês. |

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Alguns anos depois, e com uma pandemia pelo caminho, nos últimos meses as aulas passaram a ser dadas online — e que jeito terão dado a quem já não tinha mãos nem canetas a medir para entreter os miúdos. Depois de todos os traços saídos do confinamento, só faltava mesmo um livro, produzido sem recurso a editora, apenas com o contributo dos seguidores, que têm vindo a aderir à campanha online. “A meta foi fixada nos 2.500 euros. A campanha decorre até ao final de julho e já angariou quase 3.500 euros. O apoio dos internautas foi além das expectativas e permitirá ao casal aumentar a tiragem ou melhorar os acabamentos do livro”, descreve o Mauro Gonçalves, que lhe mostra como pode participar deste esforço coletivo para lançar “Não sei desenhar”, um conjunto de exercícios que estimulam e desenvolvem a habilidade para o desenho, dirigido ao público infantil. |
Se esta é uma aventura feita de planos concretos, que ajudam a tornar cada projeto sustentável, como uma campanha que supera expetativas, também é preciso falar de felizes acasos — daqueles que compõem qualquer esboço. Aposto que vai gostar de conhecer “Em casa”, o premonitório livro que editaram em dezembro passado, ainda a relativa distância de imposições de confinamento. A obra passou despercebida até ao dia, em pleno estado de emergência, em que uma professora da telescola o elegeu para uma leitura durante as aulas. A procura disparou, não fosse este um relevante guia de conselhos sobre como manter a casa limpa e organizada, uma verdadeira quimera quando se lida com pequenos aspirantes a artistas. |
Até para a semana |