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Quando, em 2012, o antigo Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (sucessor do ainda mais antigo Serviço Meteorológico Nacional) deu lugar ao Instituto Português do Mar e da Atmosfera na sequência de uma reorganização de estruturas do Estado, houve muitas dúvidas sobre a nova instituição. Muitos achavam “absurdo” juntar num único instituto a meteorologia, o clima e a oceanografia. Outros acharam o nome “idiota” e sentenciaram que “nunca seria conhecido”. |
Uma década depois, porém, a sigla IPMA tornou-se indispensável no dia-a-dia dos portugueses. |
O geofísico Miguel Miranda, o principal arquiteto da criação do IPMA e seu presidente ao longo dos últimos anos, recorda-se bem das críticas e não esconde o orgulho no sucesso da instituição. “Sempre quis fazer isto, organizar a geofísica em Portugal”, disse esta semana numa entrevista ao Observador, conduzida pela jornalista Tânia Pereirinha, a propósito da sua jubilação. Ao completar 70 anos, Miguel Miranda deixou no final de maio a liderança do IPMA e o ensino universitário — e o texto da sua última lição, dada a 26 de maio na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, foi recentemente publicado no Observador. |
Agora, já jubilado, Miguel Miranda falou durante mais de duas horas com o Observador para recordar as suas múltiplas vidas: como antes do 25 de Abril tentou estudar matemática, mas não foi aceite por ser uma área dominada pela direita, acabando por estudar na “mais esquerdista” física; como teve a oportunidade de navegar no célebre mini-submarino francês Nautile; e como deu forma à sua visão de integrar a meteorologia, a ciência climática, a geofísica e o estudo dos oceanos num único grande laboratório nacional, já que é impossível compreender o clima sem pensar nos oceanos. |
Na longa entrevista, Miguel Miranda lembrou também os tempos que passou, na década de 1990, a trabalhar no cadastro agrícola português por todo o país — altura em que chegou a ser perseguido por agricultores munidos de caçadeiras na Beira Interior —, e os tempos passados em África, a medir o Kilimanjaro e a rever a rede geodésica de Moçambique. |
Mas também recordou o trágico ano de 2017, quando os incêndios de junho e de outubro mataram mais de uma centena de pessoas e deixaram centenas de desalojados, e que deixaram a nu a impotência humana: as previsões não falharam, mas o combate tornou-se impossível. A entrevista, em destaque nesta newsletter, pode ser lida na íntegra no site do Observador. |
Os maiores poluentes de Portugal emitiram 12 milhões de toneladas de CO2 no ano passado |
Em 2022, as dez empresas mais poluentes do país aumentaram em 18% as suas emissões de dióxido de carbono. A informação surge numa avaliação divulgada esta quarta-feira pela associação ambientalista Zero, que mantém a refinaria de Sines da Galp como a maior poluente do país: só em 2022, aquela instalação enviou para a atmosfera 2,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono, o que representa 5% do total de emissões oficiais de Portugal durante o ano. A refinaria não só se mantém no primeiro lugar da lista, como também aumentou significativamente a quantidade de emissões, já que no ano anterior tinha emitido 2,3 milhões de toneladas de dióxido de carbono. |
No total, as dez instalações que compõem a lista (que pode ver aqui na íntegra) emitiram para a atmosfera mais de 12 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Além da refinaria de Sines, estão na lista várias centrais de produção elétrica, mas também a TAP — que volta a integrar o top 10 devido à retoma da aviação após a pandemia. Em 2022, a transportadora aérea não tinha entrado na lista, mas em 2021 quase duplicou as suas emissões, que se cifraram em 2021 em mais de um milhão de toneladas de dióxido de carbono. |
“Em 2022, o top 10 é assim dominado pelo setor da refinação, produção eletricidade a partir da queima de gás natural fóssil, setor cimenteiro, transporte aéreo e produção de olefinas”, diz a Zero. “Um outro aspeto importante é o facto de o total das dez unidades com maiores emissões poluentes ter associado um aumento de emissões de 18% entre 2021 e 2022 (de 10,2 para 12,1 milhões de toneladas de dióxido de carbono). Estes números implicarão muito provavelmente um aumento no total de emissões do país relativas ao ano de 2022 e que ainda estão em fase de inventário.” |