As sirenes da guerra não soam há meses só na Ucrânia, soam pelo Ocidente e pelo mundo em geral.

Com efeito, na escalada insensata da retórica política e militar (que anda a par, e às vezes à frente, da escalada militar no terreno), já vai dito que a invasão da Ucrânia pela Rússia pode ter sido o início da Terceira Guerra Mundial e que a nossa civilização poderá não sobreviver (disse George Soros em Davos). O que é curioso, se pensarmos que se trata do mesmo George Soros, bilionário liberal, cuja fundação tem investido dezenas de milhões de dólares na promoção internacional do aborto…

Passem todos os paradoxos civilizacionais e retóricos, valha a verdade, sem qualquer presunção, a questão prática da guerra na Ucrânia deve colocar-se de forma muito simples e verdadeira: trata-se pura e simplesmente de mais uma invasão mobilizada pela Rússia, também mais uma vez algo de absolutamente ilegal face ao direito internacional.

Uma compulsão político-militar que revela o padrão das invasões, também russas, da Geórgia em 2008 e da Crimeia em 2014.

Não é preciso recuar muito no tempo e verificar o mesmo “chamamento” na invasão nazi dos Sudetas ou na anexação nazi da Áustria.

Uma narrativa de força bruta velha de séculos, que só acaba quando alguém põe a mão no travão e expulsa o invasor.

Como recordava Margareth Thatcher (julgo que citando Churchill), as nações e os países devem fazer tudo para evitar ser capturados pelas guerras, mas se forem, têm de ganhá-las.

Isto para dizer que é confrangedor, ao menos do ponto de vista da prontidão moral, que em Portugal, país fundador e membro operacional da NATO (o que quer que isto possa significar hoje), a questão premente que ocupa as supostas elites sejam quatro sofismas de um país que parece querer ser mais a brincar do que a sério, ou seja: 1) a repercussão da inflação no valor das pensões de reforma e o peso do voto dos pensionistas nas próximas eleições, 2) o novo aeroporto de Lisboa, 3) a venda da TAP e 4) o último disparate público protagonizado pelo presidente Marcelo.

Se não arrepiamos caminho e corrermos com o actual pessoal político dirigente isto só pode correr (muito) mal.

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