Nos últimos dias temos lido várias notícias que nos fazem pensar, sobre reputações antes julgadas como inabaláveis, como é o caso do Dalai Lama. A verdade é que basta um momento para que tudo que antes considerávamos como certo acerca de alguém cair por terra, com uma atitude que nos desilude.
Isto acontece porque, à distância, acreditamos nas narrativas que nos vão sendo contadas, com histórias de vida que parecem tão perfeitas e um caráter tão impoluto, que vamos crescendo sem os colocar em causa, admirando estas pessoas e seguindo-as como modelos de conduta. Contudo, as coisas nem sempre são aquilo que aparentam, e muitos dos aspetos que julgávamos como factos acabam por ser o contrário, quando uma máscara cai ou um comportamento desilude.
Assim acontece com ideias pré-concebidas que fazemos de figuras públicas, mas também sucede com pessoas que atravessam o nosso quotidiano e acerca das quais criamos expectativas muitas vezes infundadas, simplesmente porque as conhecemos mal e acabamos por acreditar naquilo que queremos ver, ou por ignorar o que não queremos ver.
Tudo isto se passa também nas nossas relações interpessoais, no quotidiano. Conhecemos alguém e, logo nos primeiros momentos, agarramo-nos ao que idealizamos acerca dessa pessoa, muitas vezes sendo ludibriados por palavras pouco sentidas ou promessas vãs, tal é a nossa necessidade de que sejam reais, chegando ao ponto de perdermos o discernimento e de que ignorarmos o que está bem à frente dos nossos olhos.
Na verdade, não sabemos bem quem é o outro sem realmente o conhecermos. Só o tempo mostra o caráter daqueles que nos rodeiam. Por isso, é fundamental que não mostremos os nossos sentimentos de imediato, ou que, pelo menos, não percamos o controlo dos mesmos, procurando que o tempo demonstre com mais clareza o que de facto significamos para alguém e se essa pessoa merece a nossa confiança e afeto, o que se aplica tanto a amigos como a relações amorosas.
Só sabemos quem realmente gosta de nós pelas atitudes demonstradas, muito mais do que por palavras vácuas que nos chegam vagamente e às quais insistimos em nos agarrarmos como tábuas de salvação. Quando a máscara cai e as pessoas nos mostram como são, temos de acreditar logo da primeira vez, ouvindo o que nossa voz interior nos diz, para que não sejamos continuamente enganados e feridos. Quem gosta realmente de nós considera-nos, respeita-nos, preocupa-se connosco e tem tempo para nós. Se não o faz, é hora de acordarmos para a realidade!
Claro que podemos sempre sofrer desilusões ao longo da vida, mas se nos amarmos a nós mesmos e conhecermos bem o nosso valor, saberemos escolher melhor aqueles que queremos aceitar ou manter na nossa vida. Por outro lado, fujamos sempre daquilo que nos soar como comprometedor dos valores que seguimos e em que acreditamos, porque só a estes devemos a verdadeira fidelidade, a qual não passa, na verdade, da fidelidade que devemos a nós próprios.