Parece-me que há, pelo menos, uma ligação entre a constante necessidade de escrutínio que leva à retirada de membros do Governo e de outros cargos políticos e uma Regionalização Administrativa em Portugal, ou seja, a falta de nível dos políticos e a falta de níveis políticos. Renova-se o ano e eu renovo os votos de meu “ativismo# regionalista.
O tema de charneira, neste início atribulado de ano para o XXII Governo da República Portuguesa, é o Vetting político dos membros que venham a integrar este Governo, e as 36 perguntas, dispostas na Resolução do Conselho de Ministros n.o 2-A/2023 , de 12 de janeiro. As famosas 36 perguntas são anunciadas para “resolver” os “casos e casinhos” do atual Governo, liderado por António Costa, contudo, para quem nunca esquece a ausência da implementação da previsão constitucional das Regiões Administrativas, e a, quase inerente, falaciosa, pessimista e azeda crítica apontada que a Regionalização “só serve para criar mais tachos para os políticos”, a vontade de apontar alguns pontos exacerba.
Este tópico só relembra que o nível político nacional, escrutinado nacionalmente, é seguido, diretamente, por um nível político municipal e paroquial (das freguesias).
Esta factualidade implica que, entre as estruturas internas partidárias, naturalmente mais secretivas e menos escrutinadas, e o nível municipal, com centenas de municípios cuja “escala” só acontece, praticamente, nos Municípios das Áreas Metropolitanas e algumas “capitais” de Distrito, só haverá reduzido escrutínio… e mais não é viável no mercado do jornalismo de investigação atual.
A solução democrática ao nível regional implica, para a comunicação social, para o jornalismo, para o chamado Quarto Poder, um nível intermédio de escrutínio a realizar.
O que não é argumento de difícil adesão para democratas e realistas.
Passar o nível regional, que é intermédio e democrático, à frente implica passar “pela porta de trás” o nível de escrutínio natural do ponto intermédio político. Os políticos locais passariam, por regra, a regionais antes de nacionais… ou ainda se denotaria mais que vinham só do interior do Partido Político… o que também é ganho na transparência!
O nível de escrutínio… renomeado, para efeitos internos, por Vetting vai trazer alguma consequência se nem o respondido tem que se tornar público, e as falsas declarações não tiverem consequências, que não políticas?
Salvo no dia em que, através de 36 muitíssimo boas perguntas, os corruptos (em termos latos) se resolvam entregar às autoridades e/ou se retirarem da ocupação pública, precisamos de melhor do que a sombra desta peneira.