O recente anúncio de candidatura à Presidência da República por Luís Marques Mendes foi uma notícia na exata medida que ainda ninguém o tinha previsto no Jornal da Noite da SIC, num domingo.

O posicionamento de comentário em jornais em horário nobre não é uma tática inovadora para estar em posição favorável para concorrer ao lugar de máximo defensor da Constituição da República Portuguesa. Resultou para Marcelo Rebelo de Sousa, para a Presidência da República mas outros exemplos no comentário em programação menos vista deu acesso a lugares proporcionalmente apetecíveis, passando do círculo do comentário para o hemiciclo da Assembleia da República. Talvez até outros mais conservadores se tenham apercebido que ser comentador “abre portas”.

Uma nota importante, além de resultar de uma análise pessoal da nossa história presidencial recente que mais vale juristas, em especialmente se ligados ao Norte, a economistas ou militares, de terras que eram mouras até 1147, Marques Mendes tem a formação, a experiência e as capacidades de liderança que o qualificariam para esta candidatura, mesmo por quem com ele discorde em praticamente todos os pontos.

Acresce que Marques Mendes mantém dois pontos que, alegadamente, foram premiados em Marcelo Rebelo de Sousa, a visão de moderação institucional que permite o desenvolvimento da Política Legislativa e Governativa sem grandes objeções, independentemente do alinhamento político e capacidade para comentar qualquer assunto em qualquer momento.

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No entanto, quando comecei a acompanhar a política portuguesa, o líder do PSD era Marques Mendes, pouco antes de ser substituído por Manuela Ferreira Leite. Naquela época, algo já me incomodava, algo que persiste até hoje, com poucas exceções que nunca resolveram o problema central: a posição anti-regionalização do PSD e, aparentemente, de Marques Mendes. É claro que um partido central da política portuguesa nunca é abertamente contra a regionalização; em vez disso, tende a adotar uma postura cética (quase cínica), que se alinha com o “vamos fazer, mas ainda não estamos prontos” ou “não é o momento certo para essas reformas, dada a situação complicada do país”.

Uma outra nota a deixar é a de que os Chefes de Estado que se têm destacado internacionalmente, pela positiva, tem sido pessoas como Sanna Marin, Jacinda Ardern ou Volodymyr Zelensky que têm em comum terem vivido mais anos após 2000 do que antes, e as primeiras a sua repetição do cromossoma X (como se diria até faz bem pouco tempo, são mulheres), o que é uma característica sub representada neste nível político, apesar da tendência, óbvia e claramente, contrária em Portugal e no Mundo.

Portanto, apesar das qualidades e competências inegáveis de Luís Marques Mendes, gostaria de apelar para a busca de outro candidato que, idealmente, combine pelo menos duas das três qualidades: juventude (mais de 35 anos, mas com mais anos após 2000 do que antes); que seja uma líder ou líder que não seja de político de carreira (não precisa ser humorista, mas bem que se conhece um que venceria a corrida); e, por último e mais importante, um Regionalista, pois era o que o País precisa com urgência.

No fundo, aproveitando os comentários típicos dos ataques a Napoleão, que dirigem ao atual comentador Luís Marques Mendes, seria melhor ter a concorrer alguém que nunca foi politicamente grande, e que foi pequeno há pouco tempo, do que alguém, alegadamente, pequeno, mas que foi politicamente grande há pouco tempo.