Quem tiver o vício masoquista de acompanhar o fenómeno político americano, já reparou que nas primárias dos dois (grandes) partidos políticos dos Estados Unidos da América (EUA), que são os únicos com acesso a mais do que uma dúzia de Estados nos boletins presidenciais e, portanto, os únicos concorrentes à Casa Branca, nenhum dos “favoritos” está a participar em debates.

No Partido Republicano o candidato “a bater” é Donald Trump que, arguido em mais de 90 acusações e (já) com uma condenação cível por fraude, continua a arrecadar uma maioria absoluta (ou quase) dos votos republicanos nas primárias.

Este optou por não participar nos debates. Contudo, na ala direita as opções são várias, e os debates televisivos vão acontecendo sem Trump e sem as audiências recordistas que este provocou no passado, ou seja, nos restantes candidatos existe uma espécie de “luta pelo 2.º lugar”, e os media mostram querer que a população não escolha Trump ou, no mínimo, que este apareça para lhes dar audiências.

Nos Democratas, o grande partido da Esquerda Americana (que no espectro português estaria à direita, pelo menos, do nosso Centro Direita), há (apenas) quatro candidatos, com o atual Presidente dos EUA isolado numa maioria muito confortável. Maioria esta que já levou John F. Kennedy Jr. a desistir da interna, candidatando-se por uma terceira força política, que não tem representantes nacionais eleitos nos EUA.

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Os quatro candidatos são, além de Joe Biden, Marianne Williamson, a candidata desde o primeiro momento, com o programa de “ressuscitar” a Second Bill of Rights, uma segunda Carta dos Direitos Fundamentais Americanos (que inclui Direitos Económicos, Sociais e Culturais),  Cenk Uygur que se candidatou sem experiência política (apesar de ser comentador na área) com o intuito “único” de tirar Biden do “Ticket” por ser, na sua opinião (acompanhado de várias sondagens e argumentos estruturados) o único Democrata que perde para Trump. Entrou recentemente na corrida tendo, antes e durante, proposto vários outros candidatos em sua vez, quando entrevistado, pois o “importante” é não ser Biden, porque o importante é vencer Trump.

E, o último candidato, Dean Phillips, que na mesma “onda” do que anuncia Cenk, vem apresentar-se como o “outro” candidato moderado que não é septo ou octogenário e, (só) por isso, é uma refrescante alternativa.

Tirando Williamson que, na altura paralelamente com JFK, Jr., tentou reiteradamente e sem sucesso ter Debates com o atual Presidente, os dois mais recentes candidatos entraram na corrida ao lugar de Democrata candidato à Presidência, sabendo “no que se estavam a meter”.

Biden não quer “dar armas” aos Republicanos, para Trump o usar na corrida eleitoral, alegadamente, por isso e por ser o atual Presidente, não irá debater, nem sequer está, nas primárias, a fazer os típicos “Town Hall”, comuns nos EUA.

Trump gozar com o sistema democrático não surpreende, nem surpreende não se deixar pressionar pelos media.

Os media não terem critérios para o “Salvador” Biden… que salvou, primeiro, o status quo, o “perigoso Esquerdista” Bernie Sanders e depois do protoditador (sem aspas ou hipérbole) Donald Trump, também não espanta… e o aproveitamento deste político velho e velho político da situação, muito menos.

Espantoso é a velocidade com que a arrogância de quem é o “eleito” antes de ser eleito democraticamente, acima de qualquer discussão, atravessou o Atlântico.

A eleição, o voto, são a Democracia a funcionar, mas também o é o próprio processo eleitoral e, logicamente, também as eleições internas.

Através da esgrima de argumentação se verifica quer a prontidão e convicção do candidato, quer a diferença nas ideias e prioridades que estão implicados na escolha dos eleitores, e é um processo que inclui até os não (ou potenciais) eleitores.

A persuasão por “charme” com o eleitorado e por “combate” com o adversário é importante na escolha de autoproclamados candidatos a primeiro-ministro de Portugal (eleição que não existe, pois a nomeação é realizada pelo Presidente da República nos termos do artigo 187.º da Constituição da República Portuguesa), entre si e para posterior avaliação contra outros autoproclamados.

Afinal, Pedro Nuno Santos tem ou teve uma casa branca com um escritório redondo e nem se soube, talvez onde o candidato seja efectivamente radical (ao contrário das opções realmente apresentadas até hoje), seja na intenção de adotar o método de escolha via Comité Central.