Durante a primeira ronda das recentes eleições presidenciais francesas, este conceito de Grande Substituição esteve bastante presente nos discursos e políticas dos candidatos. Eric Zemmour fez questão de se apresentar como o candidato que poderia travar este fenómeno sociológico, já Mélenchon, candidato de extrema-esquerda, prefere o termo “Creolização”, e afirma que estas alterações profundas na demografia francesa e europeia são benéficas e desejáveis.
Nos Estados Unidos, o país que livremente publica censos raciais, a população eurodescendente está a poucas décadas de se tornar numa minoria. Portanto, este tipo de fenómeno em ambos os países não é uma conspiração ou um mito, é um facto. Em Portugal, o país que se gosta de apresentar como a “exceção europeia” neste tipo de questões, a ideia de que efetivamente está em curso uma mudança demográfica não é levada a sério pela maioria dos Portugueses, quiçá por uma falta de sensibilização para o tópico, uma vez que, em Portugal, ao contrário do resto dos países da Europa e do Mundo, o debate sobre a imigração foi sempre suprimido ao som de rótulos e chavões insultuosos, que mascaravam, por parte da esquerda e de grande parte da direita portuguesa, uma total inabilidade, assim como falta de vontade de debater seriamente estes fenómenos migratórios. O resultado é uma população que em momento algum foi consultada sobre se efetivamente desejava tornar-se numa minoria no seu próprio país.
Através da concessão em larga escala da cidadania Portuguesa, segundo o DN: “Em 2020 foi atingido o número mais alto de sempre na concessão da nacionalidade: 149 157 pessoas”. Os sucessivos governos conseguiram sempre mascarar o verdadeiro número de estrangeiros em Portugal e afirmar, seriamente, que “a população estrangeira a residir em Portugal não é mais que 5 ou 10%”.
Zonas inteiras de Lisboa são, hoje em dia, praticamente irreconhecíveis como parte de Portugal. O Martim Moniz é o exemplo perfeito disso. Qualquer turista, ou até mesmo qualquer alfacinha de gema que se aventure por esse bairro histórico da nossa Capital, depressa irá concluir que essa zona em nada se assemelha ao resto de Portugal. O mesmo pode ser dito de Odemira, Amadora e outras zonas totalmente descaracterizadas do nosso país. E quais os benefícios de uma substituição demográfica massiva dos Portugueses?
O objetivo deste texto prende-se sobretudo com o desejo de, à semelhança do resto dos países europeus, abrir o debate sobre estas dinâmicas. De questionarmos o rumo que estamos a tomar antes que seja tarde demais para revertermos o seu curso. Os Portugueses devem informar-se seriamente e considerar se o país que vão deixar para os seus filhos, netos e bisnetos, vai ser melhor ou pior do que aquele que receberam dos seus pais, avós e bisavós.
Um esclarecimento necessário
A publicação deste texto no Observador suscitou controvérsia o que nos leva a esclarecer que os artigos publicados neste espaço de opinião apenas vinculam os seus autores e não podem ser confundidas com os nossos valores, claramente expressos – e assumidos, o que é raro em Portugal – no nosso Estatuto Editorial.
Aliás sobre este tema já foram publicados nas recentes semanas e nas nossas páginas dois outros textos, o primeiro de uma colaboradora regular, o segundo de um autor não regular, sendo que ambos denunciam a teoria da “grande substituição”.
Os nossos valores estabelecem claramente que “o Observador coloca a liberdade no centro das suas preocupações e defende uma sociedade aberta, com instituições respeitadoras da lei e dos direitos individuais”, sendo que “acreditamos que o desenvolvimento harmonioso tem de ser inclusivo e não deixar ninguém para trás”. São valores que naturalmente reafirmamos.
José Manuel Fernandes
Publisher do Observador