A criação da NATO foi uma resposta estratégica às ameaças do expansionismo soviético e representou um compromisso coletivo de defesa entre as nações ocidentais, marcando o início de uma nova era de cooperação militar e política na Europa e América do Norte dando rumo à doutrina Truman de que os Estados Unidos garantiam apoio político, militar e económico a países ameaçados pelo comunismo.

Enquanto a Guerra Fria durou, mesmo com a constituição do Pacto de Varsóvia em 1955, a paz perdurou, apesar da ameaça Nuclear ter aumentado exponencialmente e culminado com a crise dos mísseis de Cuba em 1962 quando o Presidente Kennedy conseguiu contra tudo e todos evitar o desastre de uma confrontação direta entre americanos e russos (soviéticos).

Desde essa altura uma doutrina nos meios militares emergiu de que um embate direto entre duas potências nucleares poderia necessariamente não significar uma confrontação nuclear. Não tenho por bem essa hipótese de casino, conquanto um dos beligerantes em situação de vulnerabilidade a usaria certamente, tendo em conta a loucura que assiste os homens em tempos de Guerra. Certamente que Hitler não hesitaria em as usar algures nos idos do conflito. Certamente se isso tivesse acontecido o mundo seria totalmente diferente do atual.

E hoje para além dos 5 países com assento permanente no conselho de segurança da ONU, Coreia do Norte, Índia, Israel e Paquistão também detêm armas nucleares no seu arsenal. A ver vamos se as conseguem manter sem nunca as ter de usar.

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A NATO sendo uma organização de paz, sem nunca ter entrado em beligerância no tempo da Guerra Fria, desde a queda do muro e o fim da União Soviética já contou com intervenções militares na Sérvia, no Afeganistão, na Líbia, na Síria e agora mais recentemente na Ucrânia. E a linguagem outrora comedida nas palavras e nos atos, é agora perigosamente desproporcionada e belicista como assistimos na cimeira do 75.º aniversário da NATO em Washington, onde parecia que estávamos a assistir a uma espécie de cavaleiros da Távola Redonda imbuídos de um espírito benévolo, certamente, mas claramente a sentirmos que o Diabo invadiu os presentes, pois mais parecia uma reunião de conspiradores saídos de um filme do 007 ou do Austin Power com Biden a fazer de Dr. Evil e o Zelensky de mini me.

Não me interpretem mal, até porque somos todos pela Ucrânia, e aos ditadores devemos estar sempre preparados para o pior para lhes demonstrar que não temos receio deles. O orçamento português de Defesa, rudimentar que é, não permite que Portugal possa dizer que esteja preparado, e o próximo orçamento do Estado deveria contemplar um substancial aumento de verbas para a Defesa, Inteligência militar e civil e administração interna, incluindo o estabelecimento de um fundo substancial suplementar de rearmamento das Forças Armadas no AR, no MAR e em TERRA, pois apesar de estarmos longe da Guerra, num conflito desta natureza não há longe e perto. Os Partidos políticos devem entender-se rapidamente, claro está sem os contributos do PC e do Bloco por razões óbvias.

Segundo os mentideiros oficiais de uns e de outros entre russos e ucranianos, entre irmãos, primos, primas, tios, avós, avôs, pais e mães, entre soldados e civis, já morreram ou estão estropiados mais de meio milhão de russos, contam os ucranianos e a NATO, e outros 500 mil Ucranianos segundo os russos, pelo que já devemos ter ultrapassado o milhão de vítimas numa guerra fratricida que parece não ter volta a dar.

Quando irá parar? Segundo a NATO e  Zelensky, quando o Putin tiver sido vencido, e todos os territórios ocupados tiverem sido recuperados, incluindo a Crimeia, custe o que custar, morra quem tiver de morrer, sem quartel e sem perdão para os russos e para Putin.

Quem nos dera que Putin possa ser castigado por todo o mal que já causou por ter iniciado esta Guerra, provocado que foi, ou não, pelas mãos invisíveis da NATO, ou por um poder oculto que o empurrou para tal, à causa das coisas e escutarmos também os historiadores e pensadores contra a narrativa em vigor, como Mearsheimer e outros (demasiado putinistas, pelo que o contraditório deverá ficar guardado para a história).

Independentemente da retórica, quantos mais homens e mulheres de armas e civis irão ter de morrer para parar com esta tragédia? Será que no meio disto tudo a NATO mais tarde ou mais cedo entra diretamente na Guerra, e nesse caso quantos portugueses e portuguesas terão de ser mobilizados, voluntária ou involuntariamente para a frente de batalha, e para morrer em nome de quê?

Querem-nos vender que Putin é igual a Hitler, e que se a Ucrânia não for defendida, de seguida será a Polónia, a Hungria, a Roménia, os Países Bálticos ou qualquer um dos países da linha da frente. Como? Com que exército? Com que armas? Com que vontades?

O exército russo, por ar, mar, e terra, de acordo com a NATO está a ser dizimado pelo exercito ucraniano e pelas fantásticas armas ocidentais, que em 2 anos de guerra mal conseguiram manter os 4 Oblasts russófonos da Ucrânia e à custa, segundo as nossas fontes, dos tais 500 mil mortos e estropiados e milhares de milhões de dólares em material de Guerra. Avançando para os países da NATO quantos mais russos teriam de morrer, para conquistar o quê? Território? Com que propósito? Com que finalidade? E arriscando um conflito nuclear sem sentido? Para quê? O que iriam os russos, ou melhor Putin, ganhar com tudo isso?

Será que todo este sucesso em enfrentar e enfraquecer a Rússia irá acordar e catalisar a população russa a fazer a revolução e acabar com o regime? Seria tão bom que isso acontecesse! Mas temo que não vai acontecer: nem a invasão da Europa por parte da Rússia, nem a revolução e a queda do regime russo por dentro. São vontades do pensamento, não são a realidade.

A Ucrânia tem sido a grande sacrificada em vidas e bens, e tem toda a legitimidade em defender-se com unhas e dentes e tentar provocar o máximo de dano possível no inimigo russo. Mas será que irá conseguir recuperar pela força tudo o que já perdeu. Certamente não conseguirá trazer de volta todos os que já pereceram. Muito provavelmente não conseguirá reverter e recuperar os territórios agora nas mãos dos russos. Toda esta vontades de pertencer à NATO e à União Europeia trouxeram a morte e a desgraça ao povo ucraniano. Será que valerá a pena manter essa intenção? Certamente se os nossos vizinhos espanhóis nos invadissem com intuitos tão maléficos como os de Putin está a fazer à Ucrânia, não iríamos ceder e provavelmente todo e qualquer português estaria disposto a sacrificar-se para defender a Pátria, mas a causa das coisas é demasiado complexa para a podermos simplificar com comparações absurdas como esta.

As populações europeias quererão mesmo partir para a Guerra porque temos de travar Putin e os russos pela força das armas? Será que não seria pedir muito e fazermos um referendo a perguntar ao Povo se queremos entrar em Guerra para salvar os nossos irmãos ucranianos?

Demasiadas semelhanças com Sarajevo em 1914 se estão a conjugar agora que todo este periclitante equilíbrio de forças está a ser posto em causa com o alastrar do conflito  por todo o Médio Oriente num rastilho que parece estar a ficar cada vez mais curto, e que nos poderá levar a um conflito regional e mundial e quem sabe ao apocalipse. Esperemos que não e que tudo consiga ser apaziguado e que a paz possa voltar rapidamente.

Russos e Ucranianos, povos irmãos, deveriam sentar-se a mesa e conversar, sem interferências e sem mais delongas. Parem com a carnificina, e estabeleçam um entendimento antes que seja tarde demais.