Segundo uma famosa banda desenhada, Júlio César, apesar de ter conquistado a Gália, não conseguiu dominar uma pequena aldeia de irredutíveis gauleses.

O mesmo se diga de uma tribo de peles-vermelhas que, na Lusitânia, resiste ao regime imposto pelo Governo, à conta da actual pandemia. Também são irredutíveis mas, ao contrário dos gauleses, são nómadas: tanto estão na margem sul do Tejo, onde fizeram, em Setembro, o seu arraial anual, como do outro lado do rio, em Loures, onde decorre agora o seu congresso. Enquanto os demais cidadãos estão proibidos de sair das suas casas a partir das 23h, bem como nas tardes do fim-de-semana, esta tribo faz o que muito bem quer e lhe apetece, porque Costa, o grande chefe índio que faz gato sapato dos católicos, não se atreve a pô-los na ordem.

A razão, que levou as autoridades sanitárias e políticas a uma tão severa limitação da liberdade de circulação dos lusitanos, é a epidemia, que grassa por todo o império e para a qual ainda não há poção mágica. Apesar dos números inquietantes de infectados, internados e falecidos, nada faz demover Jerónimo, o grande chefe desta irredutível tribo. Há quem diga que, tal como Obelix, o lendário fabricante de menires, também Jerónimo caiu no caldeirão em que Cunhal, o velho druida, cozinhava a poção que, por sistema, convertia as derrotas eleitorais em grandes vitórias.

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