Na última década, mas sobretudo nos últimos anos, tem-se generalizado a ideia de que para os alunos aprenderem não necessitam nem de esforço, nem de empenho, nem de comprometimento. Não haverá narrativa mais errónea a transmitir, sobre o processo ensino-aprendizagem.

Com este tipo de narrativa estamos a colocar, mais uma vez, os professores com todo o ónus do processo. Consequentemente temos visto os resultados, a desresponsabilização dos alunos e dos pais tem sido crescente, mas ao mesmo tempo o sucesso educativo aumenta, as taxas de retenção e de abandono escolar diminuem! Razões?

O sistema tem vindo a ser preparado para retirar todo e qualquer tipo de mérito aos alunos que trabalham e se empenham, aos pais que assistem e participam na vida dos filhos em detrimento daqueles alunos que não se interessam, não se empenham cujos pais se demitem das suas funções.

A partir do momento que as retenções passaram a ser apenas em casos excecionais, estamos a inverter o papel que devia ser intrinsecamente o da escola: promoção do esforço, do empenho e da dedicação, valorizando o mérito. Em vez disso optou-se por nivelar por baixo, desvalorizando os alunos dedicados e iludindo os outros de que trabalhem ou não trabalhem, aprendam ou não aprendam a transição é garantida.

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Urge questionar para onde queremos ir com este desvirtuar do papel da escola?

Não conheço nenhum professor, e conheço muitos do pré-escolar à universidade, que queira o insucesso dos seus alunos, mas também não conheço nenhum, admitindo que até possa haver, que simpatize com a ideia de que em nome da inclusão se retire o mérito, o empenho, o esforço, a dedicação do processo de ensino-aprendizagem.

Bem sei que a estatística sobre a formação dos portugueses não é animadora – “Adultos portugueses sem ensino secundário são mais do dobro da média europeia” – mas ainda assim, e mesmo fazendo um esforço, não consigo entender porque se opta sempre pela mediocridade. Não me parece que aumentar o nível de escolaridade a todo o custo sirva os intentos do país.

Não é, com toda a certeza, baixando a fasquia que se conseguem melhores alunos agora e profissionais depois. Consegue-se estatisticamente uma melhoria, mas na prática fica tudo ainda pior.

Só se combate as desigualdades com rigor e exigência em conjunto com medidas específicas de apoio, como por exemplo bolsas de estudo, tutorias, para evitar o abandono e incentivar o esforço, pois como se sabe o abandono escolar e a baixa escolaridade estão diretamente relacionados com os meios socioeconómicos de origem do aluno/estudante. Não com narrativas erróneas e baixar de fasquia.

O processo de ensino-aprendizagem exige esforço dedicação e empenho do, por mim chamado, triângulo pedagógico: aluno-pais-professor/escola. Só com uma estreita colaboração, empenho e esforço de todos intervenientes é que podemos, todos, aprender! A mensagem deve ser esta e não outra qualquer em nome de um qualquer palavrão.