O consumo mundial de cobre em 1950 era de 3 milhões de toneladas, número que foi progressivamente aumentando até atingir mais de 25 milhões de toneladas em 2018, isto é, oito vezes mais de acordo com o International Copper Study Group (ICSG).
Naturalmente que este aumento se encontra relacionado com o aumento da população mundial, que tem vindo a crescer de acordo com uma progressão geométrica. No entanto, quando se compara o consumo per capita é que a verdadeira dimensão se torna avassaladora, com o consumo de cobre a progredir de acordo com uma função exponencial, passando de 1,17 kg por pessoa, em 1950, para 3,23 kg em 2018.
Para perceber este aumento do uso de cobre antes de mais é necessário compreender que o cobre e as ligas à base de cobre são usados numa variedade de aplicações tecnológicas e todas elas associadas a um padrão de vida desenvolvido.
O consumo de cobre destina-se sobretudo à indústria de cabelagem eléctrica, com uma utilização na produção, transporte e distribuição de energia eléctrica, e consequentemente na indústria automóvel, através dos motores eléctricos. A construção civil é igualmente uma importante consumidora, através da utilização em tubagens e infra-estruturas de água e de climatização. Uma outra indústria, bastante consumidora, é a de componentes electrónicos, com a incorporação e presença em quase todos os componentes, isto novamente devido às suas características de condutividade eléctrica.
Será assim possível afirmar que a infra-estrutura da sociedade contemporânea é baseada, numa larga medida, no cobre.
Como resposta a estas crescentes necessidades, a indústria mineira foi-se desenvolvendo tendo apostado cada vez mais em jazigos de elevada dimensão, possibilitando a exploração de minérios com teores mais baixos (mais pobres), respondendo assim com uma optimização dos processos. Um destes casos é o fenómeno ocorrido no Chile, maior produtor mundial de cobre, e no qual se desenvolveu toda uma indústria ligada à exploração, processamento, fundição e refinação de cobre.
O caso chileno não é exemplo único, tendo o mesmo fenómeno ocorrido nos Estados Unidos, Canadá e até um determinado ponto na Zâmbia (Copper Belt), verificando-se um incremento contínuo e relativamente estável na produção de cobre mineiro, respondendo ao aumento da procura e produção de cobre refinado (lingotes).
Numa outra vertente, é importante salientar que o cobre, conjuntamente com o ferro, é o metal mais reciclado no mundo, fruto, principalmente das suas características específicas, como o ponto de fusão e estabilidade química à pressão e temperatura normais, associado ao facto de poder ser reciclado infinitamente, sem perder as principais características técnicas, tornando-o assim num material de utilização preferencial nas sociedades modernas.
O avanço do conhecimento, a par das preocupações de caracter ambiental, fez que com que o cobre fosse cada vez mais reciclado, designadamente na Europa, onde o ICSG estima que mais de 70% deste metal consumido seja posteriormente reciclado.
Com este cenário seria expectável que o cobre reciclado viesse a assumir uma maior importância no ciclo económico. No entanto nada mais afastado da realidade!
Assim e com o consumo de cobre, sistematicamente a aumentar, e apesar do aumento de cobre reciclado, o que é verdade é que o peso deste metal reciclado tem vindo a diminuir passando de 35%, em 2007 e cifrando-se em 30,65 %, no ano de 2018. Isto apenas significa que é a indústria mineira que tem vindo a responder ao forte incremento do consumo mundial de cobre.
Infelizmente o discurso político, às vezes, encontra-se inundado de expressões e conceitos, que muitas vezes têm muito pouca aderência com a realidade e usados de uma forma profundamente incorrecta e mesmo enganosa. Um destes conceitos usados incorrectamente é precisamente o conceito da Economia Circular, o qual tem como base a necessidade de reutilizar e reciclar os materiais usados pelo homem na nossa sociedade.
Naturalmente que isto não significa que o conceito da Economia Circular não esteja correcto, antes pelo contrário — aliás faz todo o sentido do ponto de vista ambiental e sobretudo do ponto vista económico. Agora não pode ser encarado de uma forma absoluta, devendo ser acompanhado por medidas políticas de fundo, como é exemplo a política de eco design.
Não haver medo em considerar, para muitas matérias-primas, que a resposta para o nosso exponencial aumento do consumo terá sempre de passar por uma actividade mineira verdadeiramente sustentável e sem os meros adjectivos decorativos, de que é exemplo do “Green Mining”, as quais apenas pretendem esconder que a mineração tem bastantes impactes ambientais, os quais terão de ser tidos em conta de modo a serem minimizados.
Será importante recordar que Portugal, até 2014, era o segundo maior produtor europeu de cobre, data em que foi ultrapassado pela Espanha, país com quem divide uma das mais importantes estruturas geológicas. A Faixa Piritosa Ibérica, que se estende da península de Setúbal até Sevilha, é um importante vector e activo nacional o qual merece uma abordagem para as próximas décadas.