Nestes dias de ansiedade causada pelo vírus, surgem muitas perguntas, sem resposta: até quando durará? Que estragos vai fazer em vidas ceifadas, em desemprego gerado, em riqueza não criada?

Talvez nunca a humanidade se tenha confrontado com um mal tão global, de difusão capilar na sociedade, com rapidez. Dizem-nos que todos temos de fazer algo para o combater; suponho, estamos a fazê-lo, mas coisas insignificantes que nos fazem sentir ainda mais impotentes. Será que o Criador do Universo se desinteressou de nós?

Em geral, quando nos dá para atuar mal, escondemo-nos de Deus, como Adão e Eva; depois, tentamos esquecê-Lo, pois a sua sombra ou ideia incomoda-nos, porque queremos atuar com toda a nossa liberdade.

Mas Ele continua atento e tem muitas formas de chamar a atenção para a nossa arrogante postura.

Estes pensamentos lembraram-me um vídeo com uma pergunta à Anne Graham (filha de Billy Graham): Como pode Deus permitir que algo tão doloroso possa acontecer (referia-se ao furacão Katrina, nos EUA, com todo o cortejo de destruição e mortes)?

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Ela deu uma resposta profunda e sábia: ‘Penso que Deus estará muito triste com tudo isso, como nós estamos, mas durante anos estivemos a dizer-Lhe para sair das nossas escolas, para sair da vida pública, para sair das nossas vidas… Como gentleman que Ele é, penso que tranquilamente se afastou’.

Continuava ela: À luz de alguns acontecimentos como ataques terroristas, tiros nas escolas, etc., fico a pensar que tudo começou quando XX se lamentou do absurdo das orações nas nossas escolas. E nós dissemos, OK, não há mais orações nas escolas!

Depois, alguém se lembrou que não fazia sentido ler a Biblia na escola (a Biblia diz: não matarás, não roubarás e… ama o teu próximo como a ti mesmo). E nós dissemos, OK. Não há Bíblia!

O Dr. B. S. disse que não devemos bater nas crianças quando se portam mal, porque podemos ferir as suas personalidades e reduzir a sua autoestima (o seu filho suicidou-se). E nós pensámos: um perito sabe do que fala. E dissemos, OK! Está bem.

Agora perguntamo-nos porque as nossas crianças não tem consciência do que está bem e do que está mal? E friamente dão um tiro num estrangeiro, ou num colega seu de aula e nelas próprias.

Inevitavelmente concluímos que “colhemos o que semeamos”. E perante as aflições podemos perguntar-nos, porque Deus deixa que isso aconteça?

Se O escorraçamos das nossa vidas, das escolas, da vida pública… o que é que podíamos esperar, senão que as forças do mal tivessem livre curso?

Um texto interessante de Alexander Soljenitzine, lembrava, como a resumir a coisa mais importante que aprendera (na longa perseguição e tortura sofrida dos comunistas soviéticos), na cerimónia de entrega do seu Prémio Nobel de Literatura, em 1970:

(…) “Consagrei-me durante 50 anos ao estudo. Li centenas de livros, reuni muitos testemunhos pessoais, publiquei oito obras. Hoje, se tivesse de resumir o mais brevemente possível a verdadeira causa do nosso problema, só teria uma explicação: o homem esqueceu-se de Deus… E se me pedissem que dissesse claramente qual a maior ameaça, ainda assim não acharia outra coisa para dizer, senão que o homem se esqueceu de Deus”.

Como é possível que Hitler tenha mandado 6 milhões de inocentes para as câmaras de gás? E que Churchill tenha obstinadamente feito morrer à fome 4 milhões de Indianos, de West Bengal, no ano 1943… apesar das chamadas de atenção dos seus comissários e de haver mantimentos sobejos? São questões que nos deixam estupefactos e incrédulos… Com os autores citados diria: esqueceram-se de Deus ou expulsaram-n’O das suas vidas e deixaram-se subjugar pelas suas paixões, bêbados do poder que acumularam.

A atual crise do vírus mostrou ao homem a sua pequenez… tudo quanto sabe e fez, é zero, nada, incapaz de dominar um miserável vírus! E talvez isso o leve a considerar como a sua arrogância fez expulsar o Criador da sua vida, pondo-O sob suspeita. Talvez seja este o modo de nos trazer à realidade, à situação de criaturas, carentes da proteção do Criador.

Mumbai, 23 de Março de 2020