A Pfizer aconselha o reforço de uma terceira dose de vacina anti Covid 19, mas a Infarmed, a Autoridade Europeia do Medicamento e a própria OMS, para já acham que não se deve fazer a inoculação extra.

As consequências dos efeitos da Covid 19 no ser humano estão descritas. Aproximadamente 5% dos pacientes com COVID-19 e 20% dos hospitalizados apresentam sintomas graves, necessitando de cuidados intensivos. As complicações comuns entre pacientes hospitalizados incluem pneumonia (75%), SDR (15%), insuficiência respiratória (9%) e lesão hepática aguda (19%). A lesão cardíaca tem sido cada vez mais frequente, desde o aparecimento de insuficiência cardíaca aguda, até quadros clínicos graves de arritmias e miocardite. Cerca de 10-25% dos pacientes com COVID-19 hospitalizados apresentam coagulopatia protrombótica resultando em eventos tromboembólicos venosos e arteriais. As manifestações neurológicas incluem alteração do estado de consciência e acidente vascular cerebral. A taxa de mortalidade na Unidade de Cuidados Intensivos é de 40%. Estes dados são recentes e provenientes da Medscape.

Se repararmos bem nas últimas semanas, a mortalidade tem vindo a aumentar em Portugal, atingindo números de Março e apesar de mais de 95% da população idosa de risco estar vacinada, a morte ocorreu em pessoas com cerca de 80 anos. Estes resultados só provam que a vacinação em si não é a única arma que temos para controlar a infeção, porque a sua eficácia não é de cem por cento, tendo necessidade de os cidadãos continuarem a usar máscara e manterem o distanciamento social de pelo menos 2 metros.

Um estudo recente publicado também na Medscape, de Breton e colaboradores, revelou que em adultos com infecção anterior por SARS-CoV-2, o teste in vitro com peptídeos SARS-CoV-2 resultou numa forte resposta de marcadores de memória imunológica e moléculas inflamatórias. Esta resposta diminuiu apenas ligeiramente 6 meses após a infecção.

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Noutro estudo ainda mais recente, Turner descreveu que os anticorpos séricos anti-SARS-CoV-2 aumentaram rapidamente nos primeiros 4 meses após COVID-19, mas nos 7 meses seguintes, este aumento foi de forma gradual. Os anticorpos ainda estavam presentes 11 meses após a infecção, provavelmente por causa das células B, que fornecem memória imunológica de longa duração. Concluíram que o sistema imunológico permanece ativo contra COVID-19 por mais de 6 meses após a infecção.

Após a infeção ou vacinação, os anticorpos vão perdendo capacidade de resposta com o tempo. Com as novas variantes mais contagiantes, pessoas com doenças crónicas tais como a obesidade, diabetes, hipertensão, tornam-se mais vulneráveis à infeção. Nelas, devemos ponderar em fazer uma terceira dose, tanto mais que sabemos que os anticorpos a partir dos 7 meses irão reduzir progressivamente o efeito protetor sobre as pessoas infetadas ou vacinadas.

A Infarmed, a AEM e a OMS terão de rever a curto prazo a decisão da não aplicação da terceira dose, pelo menos em pessoas com doenças crónicas. Não é por acaso que estão a surgir mais casos em Portugal, coincidindo com o aumento de mortalidade nos últimos tempos.

Mesmo correndo os risco dos efeitos secundários das diversas vacinas, nomeadamente no miocárdio e o aumento de produção de coágulos sanguíneos provocando fenómenos tromboembólicos, os benefícios da vacinação são maiores que o risco de ser infetado pelo vírus, com todas as sequelas daí resultantes, divulgadas amplamente em meios científicos e na comunicação social.

Os grupos de risco mesmo estando vacinados com as duas doses, são potenciais candidatos para fazerem a terceira dose de vacinação anti Covid 19 !

Esta decisão deverá ser ponderada a curto prazo pelas entidades competentes .