A Terceira Guerra Mundial de facto já começou, embora se prefira chamar-lhe por enquanto Guerra da Ucrânia.

Aquilo que ocorre é na realidade um grande conflito militar entre a Rússia e a NATO, limitado até agora ao território da Ucrânia. São os ucranianos quem combate as tropas russas, mas fazem-no com expresso apoio político da NATO e o auxílio prático de países membros da Aliança, que dão apoio logístico, informações militares, material de guerra e facilitam até o recrutamento e trânsito de combatentes voluntários vindos do exterior.

A questão principal que neste momento se coloca é a contenção do conflito. A NATO tenta evitar que a guerra transborde das fronteiras da Ucrânia para os países da Aliança vizinhos. E procura também impedir a escalada armamentista, sobretudo o emprego de armas de destruição maciça.

O presidente Biden já advertiu a Rússia de que não admitirá o uso de armas químicas, que julga aliás iminente. E Vladimir Putin insiste no recurso a meios nucleares perante aquilo que considere um ataque ou ameaça séria à segurança do seu país ou das suas tropas.

Convém lembrar que no ano 2000 a Rússia fez uma revisão drástica da sua doutrina militar no tocante às armas nucleares. Estas deixaram de ter um papel meramente estratégico e dissuasivo (ou seja, de não-uso), passando a estar prevista a sua utilização táctica e operacional no âmbito de uma denominada ‘des-escalada’, ou seja, da contenção de forças inimigas superiores num quadro de guerra convencional.

Eu não quero parecer catastrofista nem, muito menos, ser alarmista. Mas a Terceira Guerra Mundial de facto já começou e há uma real probabilidade de não se confinar eternamente ao território da Ucrânia. E também de escalar de súbito para um conflito não-convencional, isto é, envolvendo meios de destruição maciça, inclusive armas nucleares táticas.

Perante isto precisamos neste momento de muito juízo e de igual firmeza. E de alguma sorte também.

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