Vivemos numa época em que o radicalismo populista tem ganho terreno, alimentando se da insatisfação e do desespero de populações negligenciadas. Este fenómeno, embora  alarmante, não surge do vazio; é o reflexo de um sistema que frequentemente ignora as

necessidades reais das pessoas, deixando um rastro de desigualdade e frustração. O populismo radical encontra força na vulnerabilidade, nas lacunas deixadas por  políticas públicas ineficazes e na ausência de um diálogo verdadeiro entre governantes e  cidadãos. Quando as pessoas se sentem abandonadas, sem acesso à saúde, habitação ou  emprego digno, tornam-se terreno fértil para discursos simplistas e promessas que,  embora vazias, oferecem a ilusão de esperança. E é aqui que reside o problema:  combater esse fenómeno não passa por desacreditar ou demonizar os que aderem a ele,  mas por enfrentar as raízes do descontentamento.

O caminho para superar o radicalismo populista exige, antes de tudo, respostas  concretas. Não basta proclamar a defesa da democracia ou os valores do progresso; é  preciso traduzi-los em ações tangíveis. Políticas que garantam condições de vida dignas,  que combatam as desigualdades sociais e que coloquem a pessoa humana no centro da  agenda pública são essenciais.

Tomemos como exemplo áreas como a saúde mental, a habitação e a educação. A falta  de acesso a cuidados psicológicos acessíveis, a subida descontrolada dos preços das  rendas e as desigualdades no sistema educativo são sintomas de um Estado que não está  a cumprir o seu papel. Esses problemas, que afetam diretamente a vida das pessoas, não  podem continuar a ser ignorados ou tratados como secundários. Cada vez que uma  necessidade básica é negligenciada, mais uma pedra é colocada na construção do  populismo radical.

A solução está no reencontro com os princípios mais básicos de uma democracia  funcional: ouvir, compreender e agir. A resposta às necessidades das pessoas deve ser o  motor de qualquer governo ou instituição comprometida com a justiça social. Não  podemos permitir que as promessas fáceis e os discursos de ódio se sobreponham à  construção de uma sociedade inclusiva e solidária.

O radicalismo populista não é combatido com desprezo ou superioridade moral. É  enfrentado através de uma política que realmente responde às dores e expectativas das  pessoas. Cabe a todos nós – governantes, organizações da sociedade civil e cidadãos – criar condições para que ninguém seja deixado para trás. Porque quando as necessidades  são atendidas, a esperança ganha força, e o populismo perde o seu palco.

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