Hoje em dia assistimos a uma variedade de amores. Já não existe um tipo padrão de relação. O modelo clássico de outros tempos que se chegava aos vinte’s, casava-se, tinha-se filhos e vivia-se quase sempre (bem ou mal) para todo o sempre, já é uma realidade cada vez menos comum. A taxa de separações, divórcios e número de solteiros, é cada vez maior. A variedade de tipos de relações amorosas é crescente. E haverá alguma melhor do que outra? Não. Cada par amoroso sabe de si e sentirá o que é melhor para a sua vivência emocional. Casados, recasados, namorados, “amigos coloridos”, relações à distância, são as diferentes possibilidades relacionais. Se ambos concordarem, não haverá à partida problema. Se os ventos mudarem, mudar-se-ão as vontades e daí novos rumos para a relação deverão ser pensados, ajustados e repensados.

O que une um casal é o sentimento de amor, seja ele então vivido em que formato for. O momento do encontro a dois é o que conta. Esse deve ser sentido como especial e mágico. Se o corpo não se arrepia não é amor; pois, em assuntos de amor, o corpo fala mais que dezenas de palavras.

O amor é uma realidade subjectiva muito difícil de traduzir em discurso objectivo e explicativo. Só os poetas o conseguem fazer. Mas todos os que são tocados por esse sentimento, sabem-no identificar quando o estão a viver.

O maior conselho para se viver feliz no amor, é sugerir alimentar um estado de celebração interna permanente perante a sorte de ter encontrado a sua cara metade. E, quando surgem os imprevistos dos desentendimentos, religar-se ao afecto que os une. Se o afecto é verdadeiro, mesmo quando o amor é sobressaltado pelas discussões infligidas por trivialidades, esse supera e até fortalece a relação do casal. Um casal é constituído por dois. Dois é um mais um. Cada um, na sua singularidade, possui a sua própria identidade, as suas qualidades e defeitos. Cada um deve respeitar-se a si e ao outro como se é. São recomendáveis cedências mas não intransigências. Afinal, uma relação amorosa saudável é criativa, expansiva e não opressora, enclausurada. Pretender que o outro seja à sua imagem não é um bom princípio e pode levar a um triste fim!

Inspire-se no melhor que tem da sua relação e perceba que o real nem sempre corresponde ao ideal que tinha pensado para si mas se escolheu ficar onde está é porque tal amor tem valor e é um belo real! A sua relação é construída a dois e fruto da maneira de ser de ambos. Se a experiência da vivência a dois é mais do que tudo boa, desfrute em pleno e co-construa uma história na base de um contínuo diálogo e consideração um pelo o outro. Como diz Schopenhauer, o amor é cego às incompatibilidades. As incompatibilidades, como já sabe, fazem parte mas tais não sendo graves e motor de sofrimento, são para ser transformadas em aprendizagem, crescimento de cada um e amadurecimento da relação.

anaeduardoribeiro@sapo.pt

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