27 de Novembro. Tiago Danu, de 20 anos, estava num convívio com amigos num parque de estacionamento, no Monte Belo Norte, quando tentou ajudar um amigo que estava a ser forçado a entrar no veículo de um grupo rival e acabou por ser esfaqueado e deixado no chão.
11 de Novembro. Dois feridos graves e um ligeiro durante rixa em bomba de gasolina na Moita. Testemunhas falam em dois agressores com facas que após o desentendimento e agressões às vítimas, de 19 e 20 anos, fugiram a correr.
8 de Novembro. Jovem de 19 anos detido junto a escola de Mirandela com cinco facas e uma soqueira
7 de Novembro. Homem de 25 anos esfaqueado em Camarate em estado grave
4 de Novembro. Um aluno de 11 anos foi esfaqueado, esta quarta-feira, na escola básica 2, 3 D. Pedro IV, em Massamá. O esfaqueamento aconteceu durante o recreio, pelas 11 horas, tendo a vítima sido atingida num membro inferior.
8 de Outubro. Jovem de 19 anos detido por esfaquear outros dois em Coimbra. Vítimas têm 17 e 20 anos.
29 de Setembro. Miúdo de 14 anos dá facada a colega em escola na Maia. Menor esfaqueou colega, de 18, nas costas, após discussão sobre agressão na véspera.
26 de Agosto. Um jovem de 16 anos foi, quinta-feira à tarde, esfaqueado sete vezes por membros de um grupo de cinco agressores, que aparentavam ter entre 18 e 25 anos, confirmou ao CM fonte oficial do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP.
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Este é o resultado de uma pesquisa muito simples no site do Correio da Manhã. O denominador comum a todos estes casos é a juventude dos seus protagonistas, sejam vítimas ou agressores, e o recurso a facas para praticar as agressões. O resultado é impressionante. Quer pelo ritmo a que se sucedem estes esfaqueamentos, quer pelo silêncio que de imediato cai sobre eles.
Enquanto os políticos e as élites andam entretidos e nos entretêm com as fantasias do género mais as patetices fiscais sobre os nómadas digitais, para muitos jovens a faca torna-se tão imprescindível quanto o telemóvel. Está a acontecer uma “generalização do uso de facas nos actos cometidos por jovens” – alerta Margarida Macedo, directora dos Serviços de Justiça Juvenil na Direcção-Geral de Reinserção Social e Serviços Prisionais.
Jovens, adolescentes e crianças, integrados em grupos e gangues, praticam agressões cada vez mais violentas. O recurso à faca banaliza-se. Há quem fale em massificação. Mas os actos cometidos por jovens entre os 12 e os 16 não estão apenas mais violentos: são também cada vez mais frequentes. O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) relativo a 2021 dá conta de um crescimento de 7,3 % dos crimes cometidos por jovens.
Em 2021, só na área da Grande Lisboa, a PJ deteve 153 jovens e abriu 380 inquéritos relacionados com gangues juvenis. No mesmo período, na área de Lisboa e Vale do Tejo, a Polícia Judiciária sinalizou 30 gangues de jovens.
Em 2022 não existem ainda números finais mas já se conhecem dados inquietantes: segundo a Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais o número de jovens internados em centros educativos aumentou em 2022. Por exemplo, quando se compara Setembro de 2022 com o mesmo mês de 2021 constata-se um aumento de 11% no número de jovens colocados em centros educativos.
Perante esta situação esperar-se-ia um debate sobre o tema. Uma preocupação nacional. E, não menos importante, interesse informativo sobre o assunto. Na verdade o que tivemos até agora foi uma comissão. Criada em Junho deste ano, tem uma designação quilométrica – Comissão de Análise Integrada da Delinquência Juvenil e da Criminalidade Violenta (CAIDJCV) – e um horizonte de trabalho igualmente alargado: a CAIDJCV tem um ano para apresentar propostas para diminuir a delinquência entre os jovens. Logo, em Junho de 2023 devem chegar as propostas, isto se a CAIDJCV quebrar a tradição nacional das diversas comissões de atrasar indefinidamente o cumprimento dos objectivos assumidos.
Mas sejamos honestos, comissão alguma consegue fazer algo neste domínio se o país continuar a olhar para o lado para não ficar mal na fotografia. O assunto é visto como terreno minado: muitos destes jovens vivem em bairros sociais e muitos também são filhos de nascidos fora de Portugal. Ou seja, ao medo de se acabar a ser acusado de racismo e demais ismos, ao embaraço de ser colado a André Ventura, junta-se ainda a convicção (errada, claro) de que este assunto é uma coisa de quem vive nesses arruamentos com nomes de poetas abrileiros e painéis multiculturais a esconderem a falta de isolamento térmico das empenas. Ora basta ler as notícias sobre Espanha, Inglaterra e França para perceber como esta convicção não só é falsa como perigosa. O negacionismo da criminalidade e, dentro desta, da criminalidade juvenil gerou inicialmente problemas, depois vieram as tragédias.
Nós não estamos a esse nível mas vamos fazendo o caminho para lá chegar. Afinal vivemos os dias curtos, aqueles em que para cada problema grave logo surge como contraponto uma questão dita fracturante. No dia seguinte quando percebemos o logro em que caímos já estamos noutro.