Desde a morte de Odair Moniz, o Bloco tem atacado a polícia portuguesa. Há duas questões distintas. A primeira é a morte do cidadão português por um polícia, que está a ser investigada. Mas até à conclusão da investigação, o agente da polícia não merece ser condenado nem condecorado. Quem diz isso apenas quer aproveitar uma morte para fins políticos.

Mas há uma segunda questão muito importante e que toca nos fundamentos da nossa sociedade: a legitimidade das forças policiais. É essa legitimidade que o Bloco tem atacado desde a noite do trágico acidente (até ao fim da investigação, trato como um acidente). Desde a actual líder do Bloco, Mariana Mortágua, passando pela líder anterior, Catarina Martins, e pelo líder parlamentar, Fabian Figueiredo, o Bloco tem afirmado que a polícia é estruturalmente e sistemicamente racista. Não se limitam a dizer que haverá polícias racistas, é a instituição que é racista (acrescentando quase sempre que a sociedade portuguesa também é estruturalmente racista).

A estratégia revolucionária do Bloco passa por retirar legitimidade a instituições tradicionais como a polícia, as forças armadas, a escola pública, e a família. Desse modo cria a desordem, a anarquia e o caos, de onde poderá surgir a revolução. Mesmo que uma revolução comunista pareça impossível, o Bloco vai enfraquecendo o país, tornando as pessoas mais vulneráveis à propaganda neo-comunista e fazendo assim Portugal mais socialista e mais pobre.

Tal como noutros países ocidentais, a esquerda radical encontro novos camaradas revolucionários: as minorias étnicas. O proletariado explorado (que entretanto se passou para a direita populista) foi substituído pelas vítimas do racismo dos brancos. Quem são hoje os grandes aliados de partidos revolucionários como o Bloco? Os grupos violentos de imigrantes negros e os grupos radicais islâmicos.

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Veja-se o caso Mamadou Ba, antigo militante do Bloco (mas ainda camarada da luta revolucionária). É óbvio que não podemos interpretar literalmente o seu apelo “à morte do homem branco.” Os seus defensores e outros idiotas úteis acrescentam logo que só estava a citar Frantz Fanon. Mas esse é precisamente o problema. O herói de Mamadou Ba, Fanon, era um radical violento, que defendia a revolução armada. Em comparação com Fanon, Francisco Louçã é um sacristão neo-comunista.

Aliás de acordo com a doutrina da revolta violenta, em 2020 numa manifestação do Bloco e dos seus camaradas de luta, havia um cartaz que dizia “um polícia bom é um polícia morto.” Todo o país viu. Isso não é apelo à violência? O que fez a PGR na altura? Não me lembro de qualquer processo.

Naturalmente, é necessário investigar abusos de poder por agentes policiais e puni-los. Quem tem autoridade poderá sempre abusar. Mas qualquer pessoa de bem em Portugal, que não quer revoluções das esquerdas radicais, tem que defender a instituição policial. Uma sociedade com uma polícia fraca funciona mal e os seus cidadãos, tal como os seus bens, não estão devidamente protegidos. A maioria dos polícias faz um trabalho admirável, em condições muito difíceis. Termino com uma pergunta aos leitores. Entre os polícias e os delinquentes que incendeiam carros e autocarros, atacando motoristas, de que lado estão?

PS: Durante a semana que passou, muita gente ficou indignada com as comparações entre o Chega e o Bloco, defendendo o último. Bom, os eleitores portugueses discordam e acham o Bloco bem pior do que o Chega. Para cada português que votou no Bloco, houve quatro que votaram no Chega. Em democracia, os votos dos eleitores são muito mais importantes do que as opiniões da bolha mediática de Lisboa. Fico sempre satisfeito quando o senso comum de muitos derrota a “iluminação” de poucos.