A Covid-19 mereceu impacto público no início de 2020. Em março, o primeiro caso atingiu Portugal.

Apesar de três meses de avanço, o Governo foi incapaz de evitar uma sucessão de incoerências na estratégia a seguir e de se esquivar a erros sucessivos na saúde, proteção social e atividade económica. Faltaram máscaras, ventiladores e apoios para sócios-gerentes, empresários em nome individual, advogados e tantos outros.

Apesar de graves, causadores de sofrimento e incerteza desnecessária, tais equívocos foram compreendidos pelo impacto do momento e dimensão do desafio. Infelizmente, entendendo-se o conceito de espírito patriótico que inicialmente levou a quase tudo aceitar, é impossível ignorar o sectarismo ideológico de quem governa e as nefastas consequências que daí advirão.

Hoje, assistimos a uma purga contra empreendedores e proprietários movida pela governação, mas também permitida pela exagerada ausência de oposição. A complacência, infelizmente, limita-se aos gestores da TAP e da Banca. Ignora-se o português comum, que investiu poupança e esforço na criação de sustentabilidade e desenvolvimento, gerando emprego e bem-estar coletivo.

Vejamos exemplos concretos

  1. De quem investiu no turismo, reabilitou edificado, criou emprego e gerou valor acrescentado. Após três meses, independentemente da respetiva quebra de faturação, ficou sem acesso a layoff simplificado. Sem receita, nem clientes, está obrigado a pagar salários por inteiro e a ocupar trabalhadores a tempo inteiro. Desde março, espera que o IEFP regulamente um prometido incentivo à manutenção de postos de trabalho.
  2. De quem tinha um restaurante ou espaço de eventos e foi forçado a fechar. Após meses sem qualquer faturação, vê praias e aviões cheios, mas a sua lotação limitada e os eventos proibidos. Do Estado recebe a ajuda de sempre: visitas constantes da ASAE e do ACT sem complacência pelo mais ínfimo detalhe que o possa prejudicar.
  3. Do senhorio que investiu toda a sua poupança em imobiliário e hoje, com uma reforma mínima, vive dos rendimentos prediais. O inquilino só paga se assim entender, uma vez que o proprietário está impedido de mover ações de despejo até ao final do ano, independentemente da data das dívidas em causa e da existência (ou não) de quebra de rendimento do inquilino.
  4. Do investidor privado e da economia social, que tentam rumar contra a maré, mas vivem sufocados pela burocracia do Estado e de algum funcionalismo público (felizmente com honrosas exceções), cuja teimosia e insensibilidade procura, sempre que possível, encontrar problemas onde estes não existem.

Em Portugal já temos preconceitos que cheguem.

Demasiadas vezes, a origem geográfica de cada um, a raça e/ou cor e o género limitam as oportunidades no nosso país. Às desigualdades existentes e aos efeitos nefastos da pandemia, não podemos agora somar preconceito castrador contra quem ainda procura investir e sobreviver na frágil réstia de economia nacional.

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Quem investe e emprega precisa, mais do que nunca, de ser devidamente apoiado e protegido dentro de todas as instâncias possíveis. A prioridade nacional tem de passar pela manutenção de postos de trabalho e de uma economia, minimamente, sustentável e saudável.

Aos portugueses não bastam um governo simpático, uma oposição patriótica e uma presidência carinhosa. Da cartilha ideológica, utópica e imaginária não resultarão as soluções necessárias. Vivemos tempos demasiado exigentes.

Aliada à crise económica e social que viveremos, a ausência de respostas claras aos problemas reais e de alternativas consistentes será semente para o advento de respostas populistas e extremistas que, mais tarde, serão incontornáveis.

Sem preconceito: urge visão, liderança, tenacidade e crença num Portugal capaz de se superar.