Já na eleição parlamentar de 2022 houve uma manifesta manipulação eleitoral onde não se previa que o PS saísse miraculosamente com uma «maioria absoluta» de 41% graças à debandada dos eleitores habituais do PCP e sobretudo do Bloco de Esquerda, os quais perderam 20% da votação anterior e não é impossível que estejam a repetir neste momento a «conspiracionite» revelada pelo «Correio da Manhã» AD alarga vantagem na corrida eleitoral – Infográficos – Correio da Manhã (cmjornal.pt).
Ora, apesar do relativo silêncio dos partidos da «extrema-esquerda», tem sido enorme a manipulação partidária da comunicação social, sabidamente subsidiada pelo governo socialista desde a pandemia e agora descaradamente envolvido no noticiário e nos pseudo-debates da televisão. Como é evidente, essa «esquerda» não pode esquecer que o anterior parlamento foi demitido sem heritação pelo presidente da República perante a demissão do anterior primeiro-ministro.
Dito isso, as sondagens simultaneamente divulgadas pelos dois jornais políticos do fim de semana portantes, o «Público» e o próprio «Expresso», são
apresentados de tal modo díspar que chegam a baralhar totalmente os resultados dos jornais da «classe pensante».
Temos, pois, de esmiuçar não só os resultados numéricos dos órgãos de informação como também as gratuitas elucubrações do semanário «Expresso», cujo grande argumento acerca das actuais sondagens é que «os eleitores são poucos, não dizem tudo e, efectivamente mentem». Dito de outra maneira, está confirmado que os cidadãos não gostam de ser interrogados e, no caso das eleições, não hesitam em esconder as suas inclinações e mesmo em mentir. Estão no seu direito!
Com efeito, há 20 anos atrás, tive oportunidade de verificar que os eleitores que estavam a responder à saída da «boca de urna» não hesitavam em mentir! Quando fizemos as contas, verificámos efectivamente que os votantes não hesitavam em dar informações falsas, de tal modo que, no fim da contagem, verificámos que os votantes interrogados à saída da eleição de 2002 mentiam acerca do voto que declaravam ter colocado na urna, o que fazia com que o PS ganhasse a eleição quando na realidade a perdeu (Portugal a Votos – as eleições legislativas de 2002)… Isto prova que os votantes são susceptíveis de mentir antes e depois da eleição!
Dito isto, comparando com o «Público» (29/2/2024), a sondagem do «Expresso» publicada a 1 de Março degenerava sem desculpa em «propaganda interpretativa»! Com efeito, o primeiro jornal publicou um texto semelhante às sondagens dos outros articulistas, entretendo-se a tirar e pôr um ou dois por cento em relação às sondagens anteriores. Como se pode verificar, enquanto a chamada «esquerda» não esperava nessa altura mais do que 39%, a estimativa da Universidade Católica dava apenas 33% à Aliança Democrática (PSD+CDS) e apenas 27% ao PS; quanto ao CHEGA, teria 17% e os Liberais (6%), podendo portanto os partidos da chamada «direita» chegar a 56% ou simplesmente 39% no caso de o CHEGA ficar de fora do governo propriamente dito.
Na realidade, teria de se ver como votariam os outros partidos e, sobretudo, a quantidade de eleitores que se furtavam a confessar em quem tencionavam votar ou não. Se assim fôr, teríamos uma espécie de empate em que o CHEGA penderia para a «direita» ou pela abstenção ocasional… Não é nada que não se veja no estrangeiro.
Quanto aos inesperados delírios do «Expresso», «estaria tudo em aberto para as legislativas». O antigo editor do «Observador», David Dinis, mudou de ideias e viu através de uma equipa do ICS e do ISCTE que, afinal, estava «tudo em aberto» ao reduzir a votação a dois terços do eleitorado. Porquê, não se percebe… Em compensação, outra apresentação mais realista do «Expresso» reduz-se a tirar 6% à aliança PSD+CDS e cortar 4% à IL enquanto eleva o BE e a CDU para 8% enquanto os Liberais são reduzidos a metade da geringonça… Ao mesmo tempo, 6% de vulgares «outros» são dotados pela esquerda pensante de «projecções sem nome» a fim de os entregar a votantes sem nome!
Ora bem, perante essa inesperada «magicação» do «Expresso», uma nova sondagem da Intercampus para o “Jornal de Negócios” e o “Correio da Manhã” mostram a Aliança Democrática a crescer, ficando com cerca de 30% das intenções de voto, ou seja, seis pontos mais do que o PS! Restam cerca de 8,5% sem afectação partidária, o que obviamente não tem sentido interpretativo e, além disso, a sondagem não teve em conta os vários agrupamentos políticos que surgiram entretanto mas não se sabe se conquistarão votos que se vejam…
Em conclusão, a pouco mais de dois dias das eleições, prevejo pela minha parte uma participação mais baixa do que alta, a qual se distribuirá entre 37% de eleitos à AD e ao Liberais, os quais poderão aliar-se ou juntar-se pontualmente com um mínimo de 15% do CHEGA, o que corresponderia a mais de 50% dos deputados. Perante a «aliança de esquerda», que poderá ocasionalmente «chumbar» parte da governação, o novo governo que se anuncia não parece estar ameaçado de cair tão cedo!