Desde 1957 que sucessivos estudos, sucessivos governos, sucessivos pareceres, vêm adiando a promessa da Barragem do Pisão, entre adiamentos, expedientes arrastados e anúncios nunca materializados, para o futuro do Alto Alentejo.

Esta semana terminámos com esse enguiço. A Barragem de Fins Múltiplos do Pisão já está adjudicada. Já tem construtor. As máquinas poderão estar no terreno até ao final do ano e o Crato assistirá, de hoje em diante, à transformação da sua paisagem, à salvaguarda dos seus recursos e ao rejuvenescimento do seu perfil económico.

A água é vital para o futuro da nossa região. A sua conservação, a possibilidade do seu uso na agricultura e a garantia que a teremos disponível para consumo, em abundância, com qualidade, é fulcral para qualquer estratégia de desenvolvimento do Alto Alentejo. Não é possível aspirar ao crescimento económico, nem assegurar a qualidade de vida das pessoas, sem água.

É por isso que celebramos este marco histórico. Ver a obra a surgir é o desígnio de qualquer autarca. Foi por isso que me bati desde que tomei posse. Foi, por isso mesmo, pela ambição de décadas, que ultrapassámos todos os constrangimentos que bloqueavam a construção da Barragem.

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Entre os mais de 160 mil projetos do PRR este foi o que requereu mais compromisso, mais empenho, mais vontade e, também, o maior orçamento.

Agora, com as máquinas no terreno, a construção seguirá o seu caminho, com dois anos de trabalhos garantidos, para que tudo esteja pronto no final de 2026. No fim de tudo teremos água abundante, novos perfis agrícolas, mais produtivos, com 5500 hectares de regadio, novas possibilidades no turismo, armazenamento de água para mais de 55 mil pessoas e, também, produção de energia através de painéis solares instalados na superfície da barragem e em uma das suas margens bem como de uma central mini-hídrica.

Sabemos que todos os grandes projetos acarretam consequências e a construção de uma nova aldeia é, agora, a prioridade de todos os envolvidos. A Aldeia do Pisão ficará submergida pelo caudal da barragem, mas, muito rapidamente, apresentaremos o «Masterplan» de uma nova aldeia do Pisão, desenhada a partir dos contributos da população, para que quem ali vivia continue a gostar de morar no seu concelho, mantendo a ligação profunda à sua terra, que nos é característica.

Depois de perto de 70 anos de bloqueios e impossibilidades, cumprimos história. A Barragem do Pisão será uma realidade. Orgulho-me muito de ter feito parte dela e orgulho-me ainda mais pelo potencial futuro para o desenvolvimento do concelho do Crato. Agora, ao trabalho.