Em Portugal, cerca de 87% dos alunos frequentam o ensino público – Ensino Básico, Secundário e Universitário – e só 13 % frequentam o ensino privado e o ensino privado dependente do Estado, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.

Quais as razões que levam os encarregados de educação procurarem o ensino privado? As respostas são várias. Enumero algumas: horários de trabalho, um melhor ensino, monitorização dos seus educandos por falta de uma rede familiar; estatuto social; assiduidade ou falta dos docentes e segurança do aluno, quando as escolas de referência não são as mais desejadas.

As razões que tenho auscultado sobre as motivações dos encarregados de educação para matricular os seus filhos no ensino privado são, na sua maioria, os horários de trabalho, isto é, não existe um complemento de horário até as 18 e as 19h.

Neste momento, pelo menos em Lisboa, essa valência existe no ensino público e está a ser gerida pelas autarquias.

Acompanhar os filhos, à música, à dança, à catequese e aos escoteiros faz parte das funções de qualquer encarregado de educação. Acompanhar os filhos à escola de autocarro e a pé também faz parte das funções dos encarregados de educação. Mais tarde os filhos sabem o caminho e vão sozinhos. Faz parte da autonomia e crescimento de todo o cidadão. Devo acrescentar que a autarquia na qual resido tem uma programa que acompanha à escola, a pé, os filhos dos fregueses. Uma excelente ideia, mas quem quer bons presidentes de Junta também deve votar e  escrutinar bem. É o que eu faço.

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A maioria dos encarregados de educação opta pelo ensino secundário no público, porque os filhos são mais autónomos, e necessitam de conhecer outras realidades.

No ensino privado o aluno tem, segundo os encarregados de educação, não só um bom ensino, como todas as atividades que mencionei. Os alunos entram no Colégio às 8h e saem às 19:30 , já com trabalhos feitos. O ensino privado tem mais equipamentos, instalações e conforto que a escola pública. No ensino privado não existe indisciplina, porque quando acontecem episódios que interfiram com as aulas, os alunos  são convidados a sair.

No ensino público também existem apoios pedagógicos em quase todas as disciplinas, mas os alunos não frequentam, uns porque não querem estudar, outros porque os encarregados de educação preferem pagar explicadores ou centros de estudo.

A escola é o crivo da sociedade, isto é tem população heterogénea. Os meus educandos frequentam escola do ensino público, inclusive uma Escola TEIP (Territórios Educativos de Intervenção Prioritária), porque, como encarregada de educação, considero importante que tenham contacto com a realidade social, para que possam valorizar todas as suas aquisições materiais, sociais e culturais.

É difícil ser encarregada de educação, é muito difícil porque ensinar e educar dá trabalho, muito trabalho, mas tenho esperança que se lembrem das horas que fiquei no parque infantil, enquanto brincavam.

Por outro lado perguntei a vários professores se preferiam lecionar na escola privada ou na escola pública. A resposta foi na escola pública porque no ensino privado  existe falta de autonomia na sala de aula e excesso de atividades presenciais ao fim de semana.

A minha opção por colocar os meus educandos no ensino público não é só um escolha financeira, mas um forma de crescimento pessoal. Os meus filhos sabem identificar quais os grupos de pessoas com que devem ou não conviver, aprendem a valorizar as suas conquistas e aprendem que, se levarem uma peça de roupa de marca, podem ser assaltados, porque já foram roubados dentro da escola.

Em conclusão, na comunicação social dizem que as escolas particulares estão com muitas inscrições, mas com a subida dos juros dos empréstimos à habitação e com a subida  exponencial dos preços da alimentação só fica uma questão: quem é que pode tirar os seus filhos das escolas públicas?

Talvez 1% da população ativa.