Somando a pandemia às alterações climáticas, a transição digital ao inverno demográfico, num contexto em que o país precisa de crescer mais e de subir os salários, é inaceitável que esta campanha para as eleições legislativas seja centrada em qualquer coisa que não as propostas que cada partido tem para enfrentar estes desafios.

É especialmente confrangedor ouvir dirigentes do principal partido de oposição desejar vencer as eleições não pelas ideias que apresentam, mas através de “uma derrota do PS”. A amostra de debates que tivemos até agora não melhora a figura, sobretudo depois de termos visto Rui Rio a ser completamente abalroado por André Ventura. Em 25 minutos, Rio cedeu no campo dos valores, em direto, permitindo antever o que poderão ser negociações entre os dois partidos, caso o PSD venha a precisar do Chega para ser poder – uma brisa açoriana, poder-se-ia dizer.

O Partido Socialista tem sido claro no campo das escolhas. Pedimos o maior número de votos e mandatos para poder governar com estabilidade, mas mantendo a responsabilidade no discurso e a abertura ao diálogo, independentemente do resultado eleitoral. Porém, o maior contributo que o PS pode dar a esta eleição são respostas para resolver os problemas dos portugueses. Com a confiança de quem conseguiu virar a página da austeridade sem perder de vista as contas certas, as linhas gerais do programa do PS, apresentadas esta segunda-feira, mostram um partido que não está resignado nem esgotado, que reconhece que falta ainda fazer muito, e que o PS tem as ideias certas para vencer os desafios que o país enfrenta.

É assinalável que, no seu programa e discurso, o PS priorize a condição dos jovens em Portugal, apresentando propostas importantes para que a nossa geração encontre o seu futuro no nosso país. Contou para isso com propostas da Juventude Socialista, entretanto acolhidas e destacadas. É o caso do programa de combate à emergência do desemprego jovem (a que chamámos Programa Ponte), da promoção do regresso à escola por parte de quem deixou os seus percursos formativos incompletos e da duplicação do número de jovens com apoios ao arrendamento (Porta 65), depois de nestes 5 anos ter já aumentado em 50% o número dos seus beneficiários.

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O país escandalizou-se com os baixos rendimentos dos jovens, retratados por um recente estudo da FFMS. O desnorte de quem, à direita, ambiciona chegar ao Governo é tanto que temos visto, por estes dias, a jovem cabeça-de-lista do PSD ao Porto criticar (e bem!) a precaridade dos salários nos mais jovens, em completa contradição com o líder do seu partido, a quem não incomoda nada que o primeiro ou segundo salários de um jovem licenciado sejam baixos.

O PS, por sua vez, é coerente. Às propostas de combate à precariedade e de alargamento do IRS Jovem já conhecidas no âmbito do Orçamento do Estado, somámos a proposta da JS de um incentivo fiscal aos aumentos salariais e determinámos como objetivo central subir o rendimento médio dos portugueses em 20% nos próximos 4 anos. É ainda de salientar que o tenhamos feito sem esquecer o desafio da conciliação entre a vida pessoal e profissional, reforçando a disponibilidade de creches gratuitas e estudando a adoção da semana de 4 dias. Estas propostas são a prova viva de que este programa não é “mais do mesmo”, é um programa para avançar e fazer o que ainda não foi feito.

Estas são escolhas importantes para que o país trate os seus jovens à altura do seu talento, em vez de os empurrar para a emigração. Pelo contrário, precisamos que quem partiu volte e que mais migrantes escolham Portugal. Para isso, a JS defendeu, e o PS agora propõe, apoiar os territórios que tenham tido grandes ganhos ou sofrido perdas bruscas de população. Todavia, o desenvolvimento equilibrado do país só poderá ser feito com outra organização do poder político, motivo pelo qual se deve saudar a perspetiva de, em 2024, voltarmos a referendar a regionalização, como defendemos no Congresso Nacional do PS. São ideias para contrapor o cinismo, dissolver o divisionismo e transformar o país.

O PS apresenta-se, pois, a estas eleições com um programa renovado e ambicioso. Outros querem novos horizontes, mas não só não têm ideias como perderam a bússola moral. Depois de ter conduzido o nosso país nos primeiros cinco anos de convergência com a União Europeia deste século, António Costa é o homem certo para estar ao leme de um novo Governo, com novas ideias para continuar a colocar Portugal no mapa do desenvolvimento e do progresso.