Há um ano deixei o hospital depois de quinze dias internado (dez dos quais em UCI) por ter desenvolvido covid19 e complicações de sobreinfecção bacteriana e hipoxemia grave.
Por opção autónoma e informada, ponderando riscos e vantagens de acordo com a minha circunstância e segundo o meu próprio critério, decidi nunca ser injectado com produtos da Pfizer, Moderna ou Janssen. Vista hoje à distância, essa decisão foi acertadíssima e racional.
A principal razão sempre foi assente no princípio de que a imunidade natural conferida pela infecção por covid-19 é superior e muito mais perene à eventualmente obtida pela “vacina” contra a doença. Algo que se negou durante o período de hipnose colectiva que vivemos, mas que durante muitas décadas sempre se tomou como correcto e basilar em relação a qualquer coronavírus.
Confesso ter algum orgulho em não me ter “vacinado”, simplesmente porque a chantagem que era exercida à altura pelas agências governamentais e os legisladores era pesada e de modo a que, na prática e salvo raras excepções, pouquíssimas pessoas poderiam levar uma vida minimamente normal e decente, sem sucumbirem aos ditames perversos dos tiranetes colocados em posição de poder para violarem as mais básicas e historicamente validadas regras éticas, de saúde pública e de respeito pelo ser humano.
A pressão social ilustrada na mesquinhez dos bufos, na patológica vertigem sádica dos «agentes de saúde pública», na segregação de pessoas defendida pelos bio-fascistas, e nas esdrúxulas e egoístas atitudes da esmagadora maioria da população, fez quebrar muitos não-“vacinados”, obrigando-os a resignarem-se à inoculação.
A mim, tudo isso foi indiferente para a decisão tomada. Porém, ao contrário da resistência aos abusos de poder das chamadas “autoridades”, o meu descaso dos bandos de histéricos evangelistas da ameaça da covid à sobrevivência da humanidade não teve nada de corajoso, nem constitui motivo de orgulho. A total indiferença a patetas tolhidos pelo medo foi tão só a minha reacção pessoal, natural e automática.
De igual modo, em rigorosamente nada me afectou ou abalou as dezenas de mensagens que recebi através das redes sociais de arruinados mentais desejando a minha morte, as centenas de comentários de pervertidos morais torcendo para o vírus me “dar uma lição”, as inúmeras bocas de palermas dizendo que «o Telmo pôs-se a jeito», ou, intuo, a inconfessada vontade de muitos cobardes para que eu também vergasse. Promovia-se a cegueira do comportamento de rebanho e censurava-se a divergência da norma. Pobres espíritos, tristes espécimes, fracas figuras.
A interacção de patogéneos com o nosso sistema imunitário é tão complexa e imprevisível que o que é assinalável é que, não tendo sido inoculado e estando o sars-cov-2 em circulação desde Março de 2020, tenham passado quase dois anos sem que eu contraísse doença ou sequer ficasse infectado.
Os viciados em sinalização de suposta virtude – mas sem vergonha na cara – ainda me tentaram apanhar na curva, com o derradeiro argumento de que não seria legítimo a um não-“vacinado” colocar pressão no SNS ou “roubar” camas a quem seguiu e respeitou escrupulosamente as normas do ministério da saúde. Debalde. Apesar de pagar impostos que sustentam um serviço de saúde em pantanas, mas que os infantis medricas parecem apreciar, paguei do meu bolso os cuidados privados que tive na CUF e, mesmo assim, continuo a ser roubado do meu rendimento de trabalho para manter um estado sôfrego de coleta e um rebanho de indigentes intelectuais que suportam o socialismo.
Mais do que grotescas, as normas sanitárias e de simulação de “contenção” da epidemia são já reconhecidas por um grande número de pessoas como tendo sido altamente contraproducentes. Adensa-se também a hipótese de que o excesso de mortalidade que se verifica no nosso país advenha em parte de efeitos adversos das “vacinas” contra a covid19. A opacidade (ou mesmo intenção de esconder) das autoridades de saúde no fornecimento de dados a este respeito alimenta a ideia e a probabilidade de estarem correctos aqueles que alertam para que não se possa excluir a possibilidade de a “vacinação” massificada estar associada à percepção de escalada de casos de mortes súbitas, acréscimo insólito de pessoas com problemas cardíacos, crescente número de tumores galopantes, alterações nos ciclos menstruais das mulheres (incluindo raparigas pré-adolescentes), ou de maior frequência de abortos espontâneos. É plausível que estas “vacinas” introduzam desvios e distorções no sistema imunitário, incentivando o organismo a dar respostas específicas à covid19, mas «adormecendo-o» quanto à reacção que seria expectável contra outras agressões e doenças.
Entretanto, no corrente mês de Janeiro, a DGS, indicou «não ter encontrado evidência científica que suporte a recomendação da vacinação universal da população entre os 18 e os 49 anos», assim como acrescentou: «não há evidência científica que uma segunda dose de reforço ofereça um benefício significativo relativamente a doença grave».
Ora, sabe-se duas coisas: uma é que as complicações em caso de infecção de não-“vacinados” é sempre muito rara e, provavelmente, indiferente a profilaxias genéticas farmacológicas; outra é que a alegada protecção das vacinas se esvai muito significativamente com o passar de um relativamente curto espaço de tempo. Portanto, tendo sido useira e vezeira na desinformação e trapaça sobre a covid, e não podendo agora perder a face sob pena de descrédito total generalizado, o que a DGS está a querer dizer traduz-se, em bom Português, como sendo desaconselhável a vacinação de pessoas abaixo dos 50 anos.
Fosse qual fosse a recomendação da DGS, o risco da não-vacinação é, como agora reconhece explicitamente a DGS, “uma decisão individual”. Mas o politicamente correcto que asfixiava a sociedade na altura do meu internamento e até há bem pouco tempo impunha um pensamento único sobre a questão da vacinação, incentivava um execrável clima de bufaria e repugnante delação de não-“vacinados”, determinava o cancelamento e censura de opinião livre e desalinhada e premiava patifarias moralistas com reconhecimento social.
Serve a minha história em relação às “vacinas” para demonstrar que a incapacidade de compreensão das razões de quem opta por não se ter vacinado, assim como a falta de humildade em reconhecer essas limitações, faz deflagrar reacções primárias autoritárias e despóticas por parte de quem não lida maravilhosamente com a liberdade e a essência da natureza humana. Não compreendendo o fenómeno, têm medo dos não-“vacinados” e acreditam na fábula de que o melhor é excluir e segregar pessoas saudáveis da vida em sociedade.
Que me recorde, o mundo rico do Hemisfério Norte e as sociedades do bem-estar já não viviam uma cultura de falta de discernimento e menosprezo pelo ser humano como esta desde os tempos do aparecimento do HIV e da SIDA, lá pelos inícios da década de oitenta do século passado.
Dispenso muito, mas muito bem que me peçam desculpa. Mas o regresso a um normal convívio em sociedade impõe que, se não são capazes de sentir remorsos pela torpeza dos atentados que cometeram, pelo menos os «filhos da booster» tentem reconhecer interiormente os seus próprios erros.
Nota editorial: Os pontos de vista expressos pelos autores dos artigos publicados nesta coluna poderão não ser subscritos na íntegra pela totalidade dos membros da Oficina da Liberdade e não reflectem necessariamente uma posição da Oficina da Liberdade sobre os temas tratados. Apesar de terem uma maneira comum de ver o Estado, que querem pequeno, e o mundo, que querem livre, os membros da Oficina da Liberdade e os seus autores convidados nem sempre concordam, porém, na melhor forma de lá chegar.