Há uma frase extraordinária do frère Luc no filme “Dos homens e dos Deuses”: “Laissez passer l’homme libre”. Confrontado com a escolha entre ficar e proteger a comunidade que tinha ajudado a consolidar nas suas diferenças ou salvando a vida partindo, escolheu, em plena liberdade, ficar. Um homem livre é mestre da sua vida, consciente do impacto das suas escolhas, lúcido no seu papel de mudança que assume ter e sem o qual não pode existir. Profissionalmente, na vida privada ou pública, na sua terra ou o seu país, mas que tem sempre em conta o todo e nunca, ou apenas, o interesse individual.
Precisamos de homens e mulheres com esse espírito, que conheçam e defendam a identidade da sua comunidade através de uma ecologia humana com base na coesão sustentada do território e das populações. Que promovam o bem-estar das comunidades no seu todo, que contribuam para a solidificação da identidade colectiva que necessita de um motor de unidade entre Norte e Sul, interior e centros urbanos, que sejam capazes de ir contra os interesses oligárquicos que dividem os portugueses, atentam contra a nossa soberania e delapidam o património humano do nosso país. Talvez agora mais do que nunca.
Precisamos de exemplos a seguir, de pessoas de hoje cujos percursos de vida sejam para nós referência e nos ajudem a construir este caminho. Gonçalo Ribeiro Telles foi tudo isso e, portanto, um homem livre.
Foi com este espírito de agradecimento de todo o país à sua figura, que foi criado, em Janeiro deste ano, o “Prémio Gonçalo Ribeiro Telles para o Ambiente e Paisagem”. Uma iniciativa conjunta da Causa Real, do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, da Ordem dos Engenheiros e da Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas, entidades que representam parte da sua vida e da sua obra. 98 anos de vida ao serviço de Portugal. Homenagear em vida, quem tanto lutou pela vida de todos nós.
A sua profunda consciência cívica e o seu empenho na causa pública, sempre em defesa de Portugal, são o melhor dos guias e dos exemplos do que é, de facto, ser monárquico e, acima de tudo, português. Viu o que quase mais ninguém queria ou conseguia ver em relação ao futuro do país e afirmou-o sempre, mesmo quando era muito mais fácil (e seguro) não o fazer. Sem nunca desistir, convicto daquilo que defendia, em espírito de missão e ao serviço de Portugal.
Que o seu exemplo sirva para que outros possam contribuir construtivamente para uma nova visão do país, que promova e defenda o futuro e o bem-estar da sociedade.
Que venham mais homens e mulheres livres. É deles que Portugal precisa.