Recebeu em sua casa (nossa casa – Casa de Todos os Enfermeiros) os funcionários, investidos de inspectores/sindicantes da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS), mandados pela Srª. Ministra da Saúde, Profª. Doutora Marta Temido.

Faz muito bem, em bem os receber e acomodá-los nas nobres instalações da Nossa Ordem. E sei que o vai fazer com primazia. Gosta de receber bem as visitas.

Mas a razão de lhe escrever, é para lhe dizer, embora já saiba, que esta sindicância tem mais contornos do que parece. Dizer-lhe que também eu me sinto atingido por esta falta de respeito, esta prepotência, esta falta de decoro e sentido de Estado que a Srª. Ministra da Saúde demonstrou, porque ao ter esta atitude inqualificável contra a Ordem dos Enfermeiros, está mais uma vez a insultar e a mal tratar todos os Enfermeiros. Por isso, a minha solidariedade com a Ordem dos Enfermeiros, com a Sua Bastonária e com todos os Orgãos que compõem esta organização Profissional da Nossa Classe, é inequívoca.

Depois dizer-lhe que entendo que esta decisão de sindicância à Ordem dos Enfermeiros, fala e demonstra muito mais da Srª. Profª. Doutora Marta Temido, Ministra da Saúde, do que da Instituição que tenta e se esforça por manchar. É claramente um grito de desespero do Ministério da Saúde e do Governo, tentando encontrar aqui um alibi, na Ordem dos Enfermeiros, para a sua falta de dimensão de estadistas e todos os problemas que existem na fraca, má e incapaz gestão do Governo.

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É uma decisão política. Mas política, imbuída de desespero, de raiva, de perda de estribo político e por isso, caminhar em frente, face ao abismo! E por aí, já por si fragilizada.

Este acto ignóbil, é uma decisão de afronta, achincalhamento, autoritarismo, prepotência e ditatorial, que vai muito para além dos Orgãos Sociais de uma Ordem Profissional, personificada na sua Bastonária. E tudo isto, extrapolado para uma Classe Profissional. É claramente uma decisão que é bem demonstrativa da perseguição, de censura e por isso persecutória, de falta de dignidade de quem decidiu e da reduzida dimensão do seu caracter, conceito de liberdade e independência.

A Srª. Ministra da Saúde, Profª. Doutora Marta Temido tomou esta decisão por razões de índole política e perda de dimensão de governante e insegura no seu lugar de Ministra. Porque se viu confrontada com notícias que abalam a sua credibilidade e capacidade como gestora no tempo da ACSS (confirmado pelo Tribunal de Contas). Com esta decisão, lança a confusão, cria a desconfiança e desvia as atenções, sobre um problema grave de doentes que morreram em lista de espera, questão esta que a Ordem dos Enfermeiros em 2017 levantou e que agora em 2019, foi relembrada pela Ordem dos Médicos. Porque o lugar da Srª. Profª. Doutora Marta Temido, enquanto Ministra da Saúde, começa a ser insustentável no seio do Governo e do próprio PS, e portanto, vai numa atitude de força ditatorial, tentar sobreviver ao descalabro da sua gestão no Ministério da Saúde.

Digníssima Bastonária Enfª. Ana Rita Cavaco, percebemos também, que pelo facto de haver eleições legislativas e ainda para os Orgãos da Ordem dos Enfermeiros, haja quem confunda interesses de uma classe, com necessidades de afirmação política, de subserviência aos ditames de partidos, sindicatos e necessidade de revanche por terem perdido Os Orgãos Sociais da Ordem dos Enfermeiros, por isso não se olha a meios para alcançar certos fins.

Os Enfermeiros estão firmes, conscientes das suas responsabilidades e perceberam que ganharam voz, poder e espaço, com a afirmação que a Digníssima Bastonária, Enfª. Ana Rita Cavaco e a Ordem dos Enfermeiros trouxeram à nossa Classe Profissional. Apesar desta realidade, alguns ainda andam perdidos no tempo e no espaço, à procura de um norte no seu permanente desnorte, manifestando-se em artigos de opinião, com cheiro a bafio, entranhados em sindicatos ao serviço de outros mandarins, que não Enfermeiros, daí o desconforto, as atitudes de traição e o silêncio ensurdecedor que produzem.

Muito poderia ser dito e escrito em torno deste episódio impar, acerca de uma atitude pobre de caracter e de consistência, porque se me afigura ilegal, face à falta de competência do IGAS, para esta Sindicância.

Na comemoração dos 40 anos do SNS, onde os Enfermeiros já muito deram a este Serviço, aos Doentes e ao País e continuarão a dar, porque não há SNS sem Enfermeiros, era escusada esta mancha, não no lindo e límpido pano de linho e de seda da Ordem dos Enfermeiros/Enfermeiros Portugueses, mas sim no pano nos decisores do Ministério da Saúde, onde prontificam coisas raríssimas, que só um poder político, de paredes meias com a falta de estatuto, de elevação e dimensão política, esvaziado de projectos e capacidades, é capaz de fazer.

A Ordem dos Enfermeiros, são Todos os Enfermeiros, representados pela Srª. Bastonária Enfª. Ana Rita Cavaco. Portanto, os Enfermeiros saberão respeitar as Instituições, os seus dirigentes, enquanto investidos nos seus mandatos, mas não estarão com certeza de acordo, quando o comportamento destas pessoas, enquanto efêmeros dirigentes, são de perseguição, de censura, de falta de dignidade e de coartar a liberdade, por isso só nos resta apoiar a Nossa Ordem, e responder pelos meios à nossa disposição, sejam eles cívicos, de recurso à Justiça ou constitucionais. Já não nos chegam, porque nunca os sentimos, gestos de afectos, nem de selfies, porque esses são oportunistas, populistas e falsos.

Sinta Digníssima Bastonária, Enfª. Ana Rita Cavaco, e toda a Ordem dos Enfermeiros, a minha solidariedade e apoio.

Enfermeiro Especialista em Saúde Comunitária