Esperei uma semana até escrever este texto, pois, por vezes, dá a sensação de que decisões destas se revertem e fica a parecer que são tomadas apenas para gerar alarido. Mas, desta vez, parece que é definitivo: a rede social Instagram removeu a conta de uma das maiores plataformas online de pornografia, após ter reunido provas suficientes de que existiam conteúdos condenáveis a serem difundidos na mesma.
Se é de louvar que o Instagram tenha removido a conta da difusora de pornografia, é também de discordar que a tenha mantido até ao início de setembro de 2022. Para além de compactuar com uma indústria brutalmente nociva para o ser humano, funcionava como um parceiro na distribuição de vídeos pornográficos.
Pior é pensar que bastantes crianças têm hoje acesso ao Instagram e, por tal, tinham também acesso facilitado a este site. Não se pretende aqui defender uma posição em que se encubra a realidade do mundo em que vivemos aos mais jovens. Aliás, é bem necessário que crianças e adolescentes saibam que há conteúdos intrinsecamente maus na internet, mas é ainda mais importante que tenham consciência de que só perdem em consultá-los e se prejudicam em consumi-los. Um estudo apoiado por um dos mais célebres jornais norte-americanos concluiu que a adição à pornografia é mais ameaçadora em miúdos do que em graúdos, precisamente porque em idades menores há uma maior libertação de dopamina, o neurotransmissor ligado ao sentimento de prazer.
Não foi apenas a rede social Instagram a boicotar a referida plataforma. De outro modo, também as conhecidas empresas de serviços financeiros Visa e Mastercard prejudicaram o Pornhub, ao impedirem que os pagamentos de subscrições premium do website fossem executados com os seus sistemas informáticos. Mais uma vez, o que levou à decisão foi a identificação de conteúdos ilegais na dita central da pornografia.
Outros bons exemplos do mundo corporativo que já recusaram entrar em acordos comerciais com o Pornhub não faltam: Paypal, Heinz, Roku, Unilever, entre outras. É agora tempo de os grandes motores de busca se juntarem aos casos acima referidos e impedirem o acesso a esta e a outras plataformas de vídeos pornográficos através dos seus canais.
Apesar de tudo, costuma-se dizer (e bem) que mais vale tarde do que nunca. Há que reconhecer que a decisão de remover a conta do Pornhub foi acertada, porém, este é um caso para se dizer a típica frase: “Não fizeram mais do que a sua obrigação!”. As plataformas que difundem conteúdos pornográficos são negócios altamente lucrativos para quem os controla e sujeitam-se, como se observa, a disponibilizar vídeos de abuso sexual, pornografia infantil e violações. Felizmente, já não é preciso aconselhar os seguidores do Pornhub no Instagram a fazerem unfollow, pois a bolinha vermelha passou a cartão vermelho. Rua!