Prompt (ou instrução):
Escreve, por favor, um soneto ao jeito de Camões sobre a tosta mista
ChatGPT:
Ó nobre tosta, simples na feitura,
De queijo e fiambre a perfeição junta,
Nos teus sabores, o prazer se acentua,
És iguaria que o apetite exulta.
O pão dourado ao lume bem tostado,
Crocante e quente, és do mundo a flor,
Em cada dentada, um sabor sem par,
Trazendo ao peito um calor de amor.
Não há banquete que tanto me contente,
Como teu corpo, simples, mas sublime,
Que alimenta o corpo e a alma de gente.
Ó tosta mista, quem teu gosto exprime?
És a rainha de toda a refeição,
Tesouro quente em qualquer mão!
A Inteligência Artificial (IA) é, para mim, a maior revolução civilizacional que a minha geração testemunhou. Já vivi várias revoluções tecnológicas, mas acredito que esta seja a mais impactante. Assistimos à massificação do computador pessoal, à explosão da internet, à disseminação das comunicações móveis e à integração de todos esses avanços nos smartphones. Ainda assim, considero que é a IA que terá o maior impacto nas nossas vidas, pois complementará o nosso dia-a-dia ao processar, entender, comunicar e explicar informação de forma prática e acessível. Na educação, a IA é um recurso valioso, com um papel crescente entre os jovens, que já a integram nas suas vidas e famílias.
Há 3 níveis de entrada da IA na educação e na nossa vida: um primeiro nível é eminentemente diletante, um segundo nível é instrumental e prático, um terceiro nível é fundamental e de conteúdo.
O primeiro nível corresponde, na prática, a pôr a IA a produzir conteúdos lúdicos: como o meu pedido de um soneto à Camões sobre tosta mista, ou memes de gatos, ou toda uma indústria de apps e equivalentes que alimentam conteúdos digitais de texto, imagem e vídeo nas redes sociais. Como os conteúdos das redes sociais raramente exigem grande inteligência natural, este é o ambiente perfeito para a pouca criatividade da IA brilhar. É também um ambiente excelente para experimentação e é altamente recomendável que as pessoas “brinquem” com a IA para perceberem as suas limitações intelectuais, que são muitas. A IA, no formato que usamos e no estado em que estamos, é péssima a procurar e, sobretudo, a encontrar informação.
O segundo nível é o mais relevante e aplicável no contexto atual, sendo reconhecido como a dimensão acessória e utilitária da Inteligência Artificial. Neste nível, a IA apresenta um desempenho excecional na gestão e processamento de informação, sendo especialmente eficiente em tarefas de análise, organização e apresentação de dados e conhecimentos. Entre as suas funções destacam-se a capacidade de tratar e integrar informações diversas, explicar raciocínios complexos e relacionar conceitos aparentemente distintos. Além disso, a IA é muito útil na capacidade de sintetizar conteúdos, criando resumos que facilitam a compreensão e o acesso a informações fundamentais, bem como categorizar informações de forma lógica e estruturada, o que contribui para a comunicação eficiente do conhecimento, compreendendo as lógicas e nuances das questões levantadas. No âmbito do trabalho académico, grande parte das atividades alinha com estas funcionalidades oferecidas pela IA.
Se quiserem pensar num jargão mais da pedagogia, tenta-se usar a IA em todas as 5 dimensões da educação 5E. As cinco etapas do modelo 5E são: Engage (Envolver), Explore (Explorar), Explain (Explicar), Elaborate (Elaborar) e Evaluate (Avaliar). Em cada etapa a IA pode ajudar:
Engage: Sugestões para captar o interesse inicial dos alunos, através de perguntas instigantes, vídeos ou pequenas experiências ou criar ferramentas de contacto, bots explicadores ou tutores (Tutorbots), que, através de um diálogo pedagógico e didático, falem com os alunos, esclarecendo dúvidas, preparando questões e ajudando a entender as avaliações.
Explore: Propõe atividades práticas para os alunos descobrirem conceitos, como experiências ou atividades de grupo que incentivem o trabalho colaborativo. (Problem Based Learning)
Explain: Dá ideias para apresentações ou discussões onde os alunos partilham o que aprenderam, consolidando os conceitos; ou criar perguntas focadas, com variados graus de dificuldades e customizados para cada aluno; ou promover múltiplas explicações sobre o mesmo conceito, criando um menu de opções de aprendizagem com diferentes estilos de comunicação
Elaborate: Oferece sugestões para que os alunos apliquem o conhecimento adquirido em novas situações, aprofundando o entendimento ou criar ferramentas que dividam tarefas complexas em etapas simples e orientadas, o que é particularmente útil para alunos que precisam de apoio adicional.
Evaluate: Inclui métodos de avaliação, como questionários, trabalhos ou reflexões, que permitem avaliar o entendimento dos alunos; ou criar mecanismos de avaliação que usem toda a informação das respostas dos alunos de uma forma eminentemente objetiva e consistente.
Essas ferramentas em conjunto não só permitem que os professores implementem um modelo de educação de forma mais prática e eficaz, como também possibilitam a personalização do ensino e o envolvimento contínuo dos alunos e das famílias no processo educativo.
Mas há ainda uma terceira etapa que é, a meu ver, a mais fascinante: alimentar o bicho! (perdoem-me o coloquialismo)
A Inteligência Artificial (IA) ainda não possui a capacidade de pensar, agir e interpretar o mundo exatamente como as gerações mais novas, pois não foi projetada com a vivência, a intuição ou o contexto emocional e social que moldam o crescimento e o amadurecimento dos jovens. É assim necessário que a IA seja continuamente treinada e enriquecida com informação precisa, atual e culturalmente relevante para os temas lecionados.
É, por isso, importante desfazer uma ilusão: a IA não substituirá a inteligência humana. É fundamental compreender que este trabalho de treino é um esforço partilhado que depende, antes de mais, da inteligência e da experiência concreta de quem lida diariamente com as novas gerações. Assim, profissionais da educação, pais e outros agentes sociais continuarão a ter um papel decisivo na orientação e adaptação da IA para que esta possa, de forma competente, interagir e apoiar as gerações mais novas em processos educativos e sociais. Esse processo de “amadurecimento” da IA é essencialmente humano e, neste momento, somente profissionais com experiência prática, como educadores que lidam diariamente com jovens em creches, escolas, liceus e universidades, estão realmente equipados para guiar esta evolução de forma adequada e sensível. A IA só se tornará mais eficaz se for moldada e monitorizada pela experiência humana em ambientes de educação e desenvolvimento juvenil.
Moldar e monitorizar a IA exige capacidade técnica e a verdadeira revolução vai estar quando não sejamos apenas uns poucos pioneiros a alimentar e a domesticar o bicho.
(IA, em particular chatgpt 4.0, foi usada na redação de partes e na edição deste texto.)