Inicio este artigo com estas cinco citações, perguntando-me quem será capaz de identificar os respectivos autores.
- “O liberalismo negou o Estado no interesse do indivíduo em particular; O fascismo reafirma o Estado como a verdadeira realidade do indivíduo.”
- “O caminho para o socialismo passa por um período de maior intensificação possível do princípio do Estado (…), [o qual] antes de desaparecer, assume a forma da ditadura do proletariado, ou seja, a mais implacável forma de Estado, que limita autoritariamente a vida dos cidadãos em todos os sentidos”
- “Deixe-me dizer em que acredito: no direito do homem de trabalhar como quiser, de gastar o que ganha, de ser dono de suas propriedades e de ter o Estado para lhe servir e não como seu dono. Essa é a essência de um país livre, e dessas liberdades dependem todas as outras.”
- “Logo que a sociedade conseguir abolir a essência empírica do judaísmo – o tráfico de influência e as suas condições prévias – o judeu tornar-se-á impossível, porque sua consciência já não tem um objecto, porque a base subjectiva do judaísmo, a necessidade prática, foi humanizada e porque o conflito entre a existência individual e sensual do homem e sua existência genérica foi abolida.”
- “Nós somos socialistas, somos inimigos do actual sistema capitalista que explora os economicamente fracos, com salários injustos, com uma avaliação imprópria de um ser humano de acordo com a riqueza e a propriedade, em vez da responsabilidade e do desempenho, e estamos determinados a destruir este sistema sob todas as condições.”
Note-se que só um dos autores das frases supracitadas era um defensor da liberdade e da democracia. Todos os outros preferiam regimes totalitários que eufemisticamente apelidavam de democráticos.
A 8 de junho de 1978, Aleksander Solzhenitsyn alertou para a decadência dos alicerces da democracia ocidental e para os perigos que se colocavam ao futuro da liberdade. Aquilo que Solzhenitsyn classificou como “freedom for good deeds and freedom for evil deeds” é hoje uma realidade inquestionável que promove o desaparecimento da pluralidade e aprofunda a polarização da sociedade num confronto ideológico que, apesar de desfasado da vivência social, continua a persistir e a negligenciar a procura de compromissos com aqueles que pensam de maneira diferente.
A teimosia em afirmar que existe uma democracia boa e uma democracia má, para além de estar a subverter a própria democracia, só tem servido para promover a mediocridade e a corrupção em detrimento dos princípios e comportamentos éticos.
É neste contexto da liberdade para os actos bons e da liberdade para os actos maus, que os partidos com matriz totalitária, como o PCP e o BE, apregoam incessantemente a dita liberdade dos actos bons: os deles! E reforçam essa ideia apontando o dedo às ditaduras e ao ressurgimento do nacionalismo e populismo de direita enquanto desculpabilizam e ignoram as ditaduras, o radicalismo e populismo de esquerda.
Não há ditaduras boas! Uma ditadura de direita não justifica uma de esquerda nem o contrário o faz. Tanto o corporativismo de Salazar, o fascismo de Mussolini e o nazismo de Hitler foram tão maus como o socialismo e/ou comunismo de Estaline, Mao Tsé-Tung, Mengistu Haile Mariam, Pol Pot ou, mais recentemente, a dupla Chávez/Maduro.
Há um traço comum entre nazistas, fascistas, marxistas e trotskistas: são todos inimigos da liberdade e a da democracia. É importante afirmá-lo. Assim como é essencial nunca esquecer que Hitler e Mussolini tinham mais em comum com Marx e Trotsky do que com qualquer pensador liberal.
É de estranhar que Jerónimo de Sousa pergunte o que é uma democracia? O líder comunista não sabe o que é uma democracia. Nem tampouco acredita nela. Porém, discutir o que é uma democracia não é de todo uma má ideia. Não são apenas os comunistas que precisam de aprender o que é a democracia.
Possuidores duma máquina de propaganda que faria corar Paul Joseph Goebbels, também não é de admirar que o BE deturpe sistematicamente a verdade. Então os portugueses que ganham 650€ pagam taxas moderadoras? O que é mais plausível? Que o BE desconheça a portaria 24/2019 e o decreto-lei 113/2011 ou que está deliberadamente a enganar os portugueses?
Tenham muito cuidado com aqueles que dizem praticar a liberdade dos bons actos. Eles não acreditam na pluralidade e tudo o que desejam é acabar com o regime democrático.
Professor convidado EEG/UMinho