Todos nos devemos lembrar de, ainda crianças, aprender nas aulas de Geografia que a localização relativa dum determinado lugar utiliza os rumos da rosa dos ventos através dos pontos cardeais. No nosso dia-a-dia, aplicamos este conhecimento sempre que queremos indicar o caminho de casa a um amigo ou quando queremos posicionar um país em relação a outro, por exemplo.
No entanto, sabemos que o rumo da rosa dos ventos, marcado nos mapas habitualmente com o ponto cardeal Norte, nem sempre permite uma leitura completamente rigorosa e descentralizada da realidade. O Norte é afinal apenas isso – um dos possíveis rumos da rosa dos ventos. Há até mapas que são elaborados com outra orientação e se tornam mais fáceis de ler. A própria localização relativa não é totalmente fiável, pois depende do observador – até as crianças mais atentas à lição de Geografia o confirmarão.
Por outro lado, um sistema de coordenadas que combina dois eixos – latitude e longitude – consegue ser mais completo, fidedigno e rigoroso. A chamada localização absoluta dum determinado ponto à face da Terra, ao contrário da relativa, consegue ser encontrada com precisão e fornecer muito mais informação do que qualquer outro instrumento.
Neste momento da vida nacional, em plena preparação de Eleições Legislativas antecipadas, também cada eleitor irá precisar de saber onde se situa e para onde vai; e por isso deverá recorrer a sistemas de orientação eleitoral para que não acabe perdido e sem rumo.
É tempo de o eleitor se questionar se lhe servem de alguma coisa os antigos mapas cor-de-rosa que nos querem impingir a cada campanha, com coordenadas geográficas desatualizadas e obsoletas, e que não levam a lado nenhum.
Será que o país se prepara para seguir o caminho dum governo de esquerda, repetir a fórmula da geringonça, a sua obsessão por políticas de mais Estado (bem típicas de países de outras latitudes e com resultados desastrosos) e cujo falhanço nos trouxe precisamente à antecipação das eleições? Ou será que o país se irá entregar a um bloco central de interesses, numa estranha amálgama entre direita e esquerda, com muito empenho na sobrevivência política das suas clientelas, mas pouco afinco em tomar decisões que respondam aos problemas urgentes do país, como a falta de competitividade, a asfixia fiscal, a estagnação económica crónica ou o peso excessivo do Estado na vida e decisões individuais dos portugueses?
A questão que se levanta é: são estas as únicas vias no nosso mapa político? E se largássemos os instrumentos anacrónicos e pensássemos para além duma longitude que divide o mundo entre esquerda e direita? Não estará na hora de deixar estes rumos para trás e procurar uma nova orientação, mais completa, recorrendo a um GPS mais sofisticado e que nos guie utilizando um eixo económico (Estado versus Indivíduo) e um eixo social (Autoritário versus Libertário)?
O mundo já não é analógico, nem na Geografia, nem na política. Há que pensar digital, há que pensar liberal. Olhando para fora das nossas fronteiras, encontramos povos que o fizeram e escolheram caminhos liberais – a Estónia, a Irlanda, a Holanda, por exemplo, são países cada vez mais prósperos, onde se aplicam políticas liberais, num percurso de coesão, progresso, humanismo, com rumo, rasgo e ambição económica.
Não é isto que queremos para Portugal e para os portugueses? O que nos impede de tomar o mesmo rumo de outros países com sucesso comprovado? O que falta para nos guiarmos pelas coordenadas do fomento duma economia estagnada e da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos?
Se precisamos de ideias, pensemos fora da caixa. Se precisamos de esperança, tentemos novas soluções. E se precisamos de coragem, o caminho é liberal.