A ideia partiu de António Costa. Levar a primeiro-ministro o actual governador do Banco de Portugal (BdP) e ex-ministro das Finanças, Mário Centeno.

O Banco de Portugal, representado pelo seu governador, é, ou deveria de ser, independente do poder. Porém, fica claro que essa mesma independência parece ser fraca, e a própria história da sua nomeação, por si só, seria suficiente para responder à fraca independência da instituição BdP.

O ex-ministro das Finanças Mário Centeno passou directamente para o cargo de governador do Banco de Portugal após fazer cessar as suas funções no executivo em 2020, e neste caótico momento político, António Costa pretendia – caso Marcelo não optasse por activar a “bomba atómica” constitucional de dissolução da Assembleia da República – teimar em dar cabo das instituições.

Com esta patética ideia, se alguém pudesse pensar que o BdP, na pessoa do seu governador, seria uma entidade totalmente independente do poder, as dúvidas foram objectivamente dissipadas.

Todos nos recordamos da nódoa política que foi a nomeação de Centeno para o Banco de Portugal.

Esta nomeação surge quando Mário Centeno, em junho de 2020, foi substituído por João Leão, que à época ocupava o cargo de secretário de estado do Orçamento.

Como o cargo de nomeação do governador do Banco de Portugal provém de uma resolução do Conselho de Ministros sob proposta do membro do governo da área das finanças, ficou objetivamente claro que Mário Centeno foi indicado para ocupar o cargo de Governador do Banco de Portugal por nomeação do seu próprio secretário de estado.

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Já em 2023 Mário Centeno deixa claro, aquando da publicação de análise económica sobre Portugal, em seu nome sobre (não do BdP), que utiliza a instituição para se posicionar politicamente – possivelmente como candidato do PS à Presidência da República – imprimido um total descrédito à instituição BdP.

Se em 2020 houve, por parte de António Costa e do PS, o desplante de levar Centeno para a Rua do Comércio, surge agora espantosamente a ideia de levar Centeno para o Palacete de São Bento.

Creio, que com esta ideia, por parte de António Costa, de propor o nome de Mário Centeno para seu sucessor no cargo de primeiro-ministro, fica claro que de facto há uma fraca independência do Banco de Portugal e do seu governador.

Se há alguém que António Costa não poderia mesmo indicar publicamente era o nome do actual governador do Banco de Portugal, sob pena de deixar claro que, para além de ser um trampolim político para Centeno, como ele próprio já demostrou, o BdP é também um órgão que deixa transparecer o que não deveria.

O problema do PS foi este mesmo: dar cabo das instituições e da sua independência.