Depois de nos alertar contra a ameaça prevalente & insidiosa que o ageism põe à nossa saúde que, sabe-se agora — depois de aturada investigação científica feita com rigor semelhante à que foi levada a cabo sobre o efeito das máscaras na proteção contra o Covid — nos tira muitos anos de vida, o New York Times descobriu, há duas semanas atrás, que Joe Biden, presentemente com 79 anos, está muito velho1, velho demais para ser presidente e para nos continuar a chatear2 num segundo mandato.

Qualquer velhote se lembrará da indignação que se apoderou das hostes esquerdistas e do escarcéu que os mass media fizeram quando Ronald Reagan (1911—2004) se candidatou à Casa Branca em Novembro de 1979 com 68 anos e se tornou o presidente eleito dos EUA mais idoso da história com 69 anos. Provavelmente não se lembrará do estardalhaço que as mesmas hostes, mais aburguesadas e mais envelhecidas, não fizeram quando old Joe se candidatou em Abril de 2019 ao mesmo posto com 77 anos e assumiu o cargo com 78 anos… mas não é por falta de memória.

No entanto, era perfeitamente previsível, em Julho de 2020, que dois anos depois (i.e., hoje), old Joe iria ter 79 anos. Bastaria fazer uma conta simples: 77+2=79. Se a malta do New York Times, e de todos os outros órgãos noticiosos que de repente repararam na idade avançada do homem, tivessem conseguido prever esta evolução inesperada, será que teriam então feito comentários semelhantes ao que estão a fazer agora? E se não fizeram então, porque foi? Porque não sabiam aritmética, porque não queriam cair no pecado do ageism, ou por outro motivo?

E se eram contra o ageismo há dois meses atrás, porquê o escarcéu agora? Ou será que o ageism deixou de ser uma forma de descriminação repugnante? Se old Joe continua com raciocínio escorreito e verbo fluente, e é capaz de formular políticas sensatas, que resolvem os problemas sociais, políticos e económicos da nação, se é capaz de as comunicar, fazer aprovar e executar (como parece ser o caso), qual é o problema se ele hoje tem 79? Ou que tenha daqui a dois anos 81? O que importa não deve ser a idade que ele tem. O que deve importar é se ele, ou qualquer outro, está apto para a atividade que o cargo exige—apto não só física e intelectualmente, mas também política & eticamente. Ou dar-se-á o caso de o New York Times se ter tornado de repente ageist, não por causa da idade de old Joe, mas porque percebeu agora, embora ainda não tenha noticiado, que as suas políticas falharam e faliram?

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Parece que se for este o caso, então o ageism recente da imprensa woke3 já será justificável. Porquê? Porque o velhote que o New York Times & co terão em mira com esta campanha mediática, não será realmente old Joe, mas aquele outro que o precedeu…

U avtor não segve a graphya du nouo AcoRdo Ørtvgráphyco. Nein a do antygo. Escreue coumu qver & lhe apetece. #EncuantoNusDeixam

  1. Velho: produto que já esteve, em tempos há muito passados, na moda; mecanismo de utilidade compatível com a imprestabilidade; pessoa de idade avançada, merecedora de reverência conciliável com a indiferença, que dá custos (pensões de velhice, sns) mas não proveitos (impostos) e que, portanto, é causa dos déficits orçamentais—enquanto não optar livremente pela cacotanásia determinada administrativamente; não confundir com antigo.
  2. Chatear: dar chá a quem prefere café, uma característica de sociedades, governos e políticos socialistas3.
  3. Woke: pessoa que sofre de sonolência relativamente à igualdade racial, realidade sexual e justiça social, frequentemente acompanhada de pesadelos grotescos & distorcidos sobre o que estas devem ser.
  4. Socialismo: sistema social que elimina a cupidez da posse no campesinato, proletariado e pequena burguesia satisfazendo uma cupidez mais vasta na nomenclatura de acordo com a máxima de Karl Warx “de cada proletário de acordo com as suas capacidades, para cada nomenclado de acordo que as suas necessidades”; sistema religioso niilista motivado pelo instinto para a autodestruição que assenta nas três abolições: da propriedade, família e religião (para detalhes, ver Igor Shafarevich, The Socialist Phenomena); a sua única vantagem é que acaba sempre por se abolir a si mesmo.